São Paulo – O aumento da inadimplência fez surgir mais um negócio: a compra de cheques sem fundos. Quem passa pelo cruzamento das avenidas Rebouças e Faria Lima, em São Paulo, logo se depara com uma placa anunciando que os famosos “borrachudos” ainda valem alguma coisa. Pesquisa da Serasa revela que, em julho, de cada mil cheques compensados, 16,8 foram devolvidos por falta de fundos.
Silvio Mablia Gomes, sócio da empresa de cobrança Servcredit, que faz anúncios em dois pontos da cidade, diz que há um ano e meio decidiu adquirir cheques sem fundos e há 8 meses passou a anunciar o serviço.
Gomes explica que vários fatores influenciam no valor a ser pago pelo cheque sem fundos, como a data da emissão, o valor, a praça de emissão e o motivo pelo qual o documento não foi pago (encerramento da conta, falsificação da assinatura, primeira ou segunda apresentação do cheque). O público que procura esse serviço é o pequeno comerciante, como donos de pizzaria e taxistas, entre outros, diz Gomes.
Sem revelar o número de documentos sem fundos que passa pelas suas mãos diariamente, ele conta que a metade dos cheques é vendida e a outra metade a empresa se encarrega de ir atrás do emissor, cobrando honorários de 30% sobre o valor do documento sem fundos.
“Fazemos um trabalho de detetive”, diz Gomes, que tem uma equipe de 12 funcionários que vasculham a cidade em busca dos inadimplentes. A investigação até descobrir o paradeiro do inadimplente demora, em média, de 20 a 25 dias. Cerca de 60% dos cheques sem fundos acabam sendo cobrados com sucesso, diz o empresário.