A fábrica de pneus remoldados BS Colway, instalada em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, ameaça deixar o Paraná e se mudar de vez para o Paraguai. Segundo o presidente da empresa, Francisco Simeão, o governo paraguaio apresentou ao setor proposta convidativa, que pode reduzir os custos atuais em pelo menos 25%. A opção pelo país vizinho vai depender do governo brasileiro em editar medida provisória (MP) proibindo a importação de pneus usados e deve ser seguida por outras do setor.
?Se o presidente Lula nos expulsar do País, teremos de transferir a fábrica para o Paraguai?, afirmou Simeão, também presidente da Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (Abip). O empresário lembrou que o executivo federal encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), alegando que a importação de pneus usados para a fabricação de remoldados prejudica o meio ambiente.
?O que esquecem é que fomos nós que demos a solução para o lixo pneu?, afirmou Simeão. Pela resolução do Conama, para importar quatro pneus é obrigatório destinar de forma ambientalmente adequada cinco pneus inservíveis coletados no meio ambiente, transformando em fonte de energia. ?O governo federal protege Goodyear, Firestone, Michelin, Pirelli porque elas ameaçam deixar o País, e ele teme que isso aconteça?, desabafou, acrescentando que uma fábrica de remoldados emprega quatro pessoas para uma de novos.
Segundo o empresário, para atrair as fábricas brasileiras de remoldados o governo paraguaio irá isentar a importação de matéria-prima, o preço da energia elétrica custará a metade do preço atual no Brasil e todos os tributos (municipais, estaduais e federais) estarão restritos a 0,5% do faturamento. ?Significa uma redução de, no mínimo, 25% dos custos atuais?, comentou. Com isso, o produto feito no país vizinho terá maior capacidade de concorrência no Brasil, acredita Simeão. Entre as opções de localização das futuras fábricas está uma cidade próxima a Ciudad del Este, na divisa com o Brasil. Francisco Simeão terá uma nova reunião com o governo paraguaio no início de agosto.
Caso a transferência da fábrica paranaense de fato se confirme, ela poderá ocorrer de forma gradual. ?Dá para transferir metade e depois outra metade?, comentou o empresário. Segundo ele, o governo paraguaio ofereceu, através dos bancos de fomento, financiamento com prazo de 20 anos e carência de 5 para a nova fábrica, à taxa de 6% de juros ao ano. A transferência da unidade pode levar de seis meses a um ano. Além disso, o governo vizinho ofereceu a possibilidade de transferir funcionários que estejam dispostos a acompanhar a empresa. Atualmente, a BS Colway emprega cerca de mil pessoas.
História
A BS Colway surgiu da joint-venture da BS e da inglesa Colway, em 1999. A fábrica contou com os mesmos benefícios fiscais outorgados a empresas como Renault, Chrysler, Audi, Volkswagen, entre outras, no programa Paraná mais Empregos, uma vez que nascia do mesmo processo de redirecionamento econômico que vinha transformando o Estado no segundo pólo automotivo do País. Em outubro de 1999, a BS Colway Pneus iniciou produção experimental, preparando a etapa de capacidade plena para produzir 200 mil pneus/mês, e criando 300 empregos diretos, além de outros 600 indiretos. A joint-venture foi encerrada em outubro de 2001, com a BS adquirindo a parte da inglesa Colway. A partir dessa data, a BS Colway Pneus se tornou uma empresa 100% nacional.
