Economia aquecida, recordes de produção, de vendas e de emprego. O cenário não poderia ser melhor para quem está fora do mercado de trabalho e busca uma oportunidade. Ou, ainda, para quem quer ganhar um dinheiro extra neste fim de ano. “O Brasil está sofrendo um ‘apagão de empregos’, tanto em nível operacional como superior. E no fim de ano, com o aquecimento das vendas do comércio, as empresas abrem mão de pré-requisitos fundamentais, como o ensino médio. É uma oportunidade para quem está buscando o primeiro emprego, por exemplo”, apontou o gerente da RH Brasil em Curitiba, Joanir Schadeck.

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Segundo estimativa da Associação Comercial do Paraná (ACP), o comércio de Curitiba e região metropolitana deve contratar 10 mil pessoas para o Natal. Em todo o País, a estimativa é que a data gere cerca de 113 mil empregos temporários, crescimento de 8% na comparação com o ano passado.

“As grandes empresas, como lojas de departamento e redes de supermercados, já sabem quantos funcionários vão precisar e em quais funções; essas vão contratar em novembro. Mas a grande maioria do comércio, formada por lojas de menor porte, costuma contratar apenas na primeira quinzena de dezembro”, comentou o vice-presidente de Serviços da ACP, Élcio Ribeiro. Segundo ele, aproximadamente 50% dos temporários acabam sendo efetivados seis meses depois.

Currículo

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Para quem está fora do mercado de trabalho ou quer ganhar um dinheiro extra, este é o momento de se cadastrar em agências de empregos temporários ou apresentar currículos nas lojas. O Paraná tem 128 empresas de trabalho temporário autorizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. São elas que fazem a seleção de pessoal para o emprego temporário. “Por enquanto, estamos em fase de negociação com as empresas. O recrutamento de pessoal começa a partir de outubro”, comentou Schadeck, da RH Brasil. Segundo ele, a maioria das contratações começa no início de novembro e se estende até 15 de dezembro. “As lojas de departamento deixam para contratar na última hora, duas semanas antes do Natal, quando as vendas ficam fortes”, comentou. Nesse caso, salientou, a dificuldade é conseguir profissional com experiência.

Mesmo com o ‘apagão de empregos’, Schadeck orienta os futuros candidatos para que se qualifiquem. “Para o Natal, caem os pré-requisitos dos candidatos, e o atendimento fica a desejar. Nossa orientação é que as pessoas se qualifiquem na área em que procuram emprego.”

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Cursos

De olho justamente nos vendedores temporários de Natal, o Senac-PR (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial no Paraná) oferece, desde julho, cursos específicos para quem busca qualificação. “Identificamos, por meio de pesquisa de opinião, que em datas comemorativas como o Dia das Mães e, principalmente, no Natal, surge necessidade de treinamento, formação, aperfeiçoamento do pessoal’, apontou o diretor de Educação e Tecnologia do Senac-PR, Ito Vieira.

“Existem características próprias das vendas de Natal. Muitos clientes não sabem o que comprar, e o vendedor passa a ter papel de consultor. Além disso, as pessoas deixam para comprar em cima da hora, e os vendedores têm que atender num ritmo diferente do normal”, explicou.

Segundo ele, as pessoas sem qualificação, que estão desempregadas e querem uma oportunidade de trabalho formam o principal público de cursos como o “Estratégias de vendas para o Natal”, que acontece em Curitiba e em várias unidades do Senac no Estado em outubro e novembro. Na capital, o curso tem duração de 12 horas e acontece de 20 a 23 de outubro, à noite. O custo é R$ 130,00. “Quem se dá bem no comércio no Natal, quando o ambiente está mais agitado, se dá bem em qualquer época do ano”, disse. Desde julho, segundo Vieira, cerca de mil pessoas passaram pelos cursos do Senac-PR voltados para o Natal, em Curitiba. No ano passado, neste mesmo per&i,acute;odo, foram 600.

Direitos e obrigações

O trabalhador temporário tem, praticamente, os mesmos direitos do trabalhador permanente, como 13.º salário proporcional, saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), férias proporcionais, remuneração equivalente à recebida pelos empregados de mesma categoria da empresa e jornada de oito horas. Caso o trabalhador seja demitido antes de completar os três meses iniciais, ele também recebe uma indenização de 50% sobre o tempo faltante.

Porém, o temporário não tem direito à multa de 40% quando é demitido, nem ao seguro desemprego e aviso prévio. Caso faça hora extra, esta não pode exceder duas horas e deve ser remunerada. Ou seja, o temporário tem direito a todos os benefícios concedidos ao trabalhador fixo.

O contrato de trabalho temporário tem duração de até três meses podendo, após esse período, ser prorrogado por mais três. Para prorrogar o contrato, a empresa deve comunicar à Delegacia Regional do Trabalho no Paraná (DRT/PR), por escrito, até um dia antes do vencimento do contrato. Essa prorrogação só pode ser feita uma vez. Assim, o limite máximo do trabalho temporário é de seis meses. A DRT-PR ressalta que o trabalho temporário não pode ser usado como tempo para experiência do trabalhador. (LS)

Oportunidade em várias funções

As lojas de departamento são as que devem registrar maior número de contratações temporárias para o Natal na comparação com o ano passado -crescimento de 10,7% -, seguida pelo varejo de rua (8,8%), supermercados (7,6%) e shoppings (4,9%). As funções mais solicitadas serão de fiscais de lojas, empacotadores/atendentes, estoquistas, etiquetadores, operadores de telemarketing, auxiliar de crédito e analista de crédito. Os dados são de um levantamento da Assertem (Associação das Empresas de Serviços Terceirizáveis e
Trabalhos Temporários). O levantamento mostra ainda que o número de contratações no comércio neste Natal deve crescer 8% na comparação com o ano passado, chegando a 113 mil. De 2006 para 2007, o crescimento foi bem maior:
16,5%. “Apesar de prevermos um crescimento menor, não dá para falar em desaceleração. O ano passado foi atípico”, apontou o diretor de comunicação da Asserttem, Vander Morales.

Do total de temporários para o Natal, a estimativa é que 37% sejam efetivados.

Segundo Morales, a maior parte dos temporários (29%) tem entre 18 e 24 anos. “Para muitos, é uma porta de entrada, uma oportunidade para quem não tem experiência e quer se inserir no mercado de trabalho.” Morales alerta que as agências de emprego temporário não podem cobrar pelo recrutamento, seleção, nem treinamento. “Quando a vaga é séria, não há cobrança alguma do candidato.” (LS)