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Duzentos e vinte mil empregos foram gerados nos últimos dois anos no Paraná, sendo 60 mil em 2003 e 160 mil em 2004. A informação é do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. A Delegacia Regional do Trabalho do Paraná (DRT/PR) cita que existem 450 mil desempregados no Estado. Desses, 200 mil estão na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

O delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk, avalia como extremamente positivo o número de postos de trabalho criados nos últimos dois anos, apesar da situação de desemprego no Paraná. Segundo ele, os novos empregos surgiram em função da retomada do crescimento da economia do País. "Mas a gente não pode se contentar apenas com isso. O período de recessão fez com que a renda da população baixasse muito e a informalidade, tanto no campo quanto na cidade, ainda é altíssima. Além disso, o Paraná é o quatro Estado brasileiro com o maior número de acidentes e mortes do trabalho", afirma.

Serathiuk diz que as políticas fiscais e de crédito dos governos federal e estadual ajudaram muito na formação de empregos, mas ele revela que uma importante parcela da população não foi atingida com estes incentivos. "As políticas fiscais e de crédito possuem limitações para atingir toda a população. Não basta apenas anunciar algumas medidas às pessoas mais carentes. É preciso conduzi-las até a formalidade", comenta.

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Uma das maneiras para fazer este tipo de ação é organizar segmentos nos quais estas pessoas possam atuar, como cooperativas de reciclagem (para os 15 mil catadores de papel da RMC), de transformação de alimentos e vestuário, por exemplo. As cidades de Curitiba, Cascavel, Maringá e Ponta Grossa já foram beneficiadas com projetos nessas áreas em 2004. Cada município recebeu do Ministério do Trabalho entre R$ 250 e 300 mil como investimento para colocar na prática um programa de melhoria de renda. "Depois das políticas de incentivo, precisamos entrar em uma outra etapa, justamente organizando esta população, que normalmente ganha muito pouco. Com as cooperativas, é possível aumentar a renda", ressalta Serathiuk.

Ele cita o exemplo de uma costureira que trabalha no Norte ou Noroeste do Estado, regiões que abrigam pólos de confecções. Ela ganha R$ 1,80 por peça de roupa montada em casa. Se a categoria se organizar em cooperativas, haverá a melhora do padrão de renda destes trabalhadores. Uma costureira que ganha R$ 260 pode aumentar seu faturamento para R$ 500 a 700. "A teoria do emprego pleno, com índice de desemprego zero, já foi enterrada há muito tempo. É necessário aprofundar a geração de empregos e de trabalho para compensar os números, o que pode ser feito por meio destas cooperativas", considera o delegado regional do Trabalho.

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Para 2005, Serathiuk aguarda um cenário positivo em virtude da consolidação do mercado interno e da continuidade do crescimento das exportações, mesmo em um índice menor do que no ano passado. "Estamos começando a colher os frutos das políticas de exportação e de estruturação do mercado interno. Um exemplo disso é a efetivação de 30% da mão de obra temporária contratada no final do ano. Os níveis de venda também estão melhores", salienta.

O quadro também será favorecido, de acordo com ele, pela queda do Imposto de Renda para Pessoa Física, pelas correções do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e pelo aumento do salário mínimo, que vão aquecer o consumo da população principalmente no primeiro trimestre deste ano. (Joyce Carvalho)

Paraná investe R$ 3,5 mi em qualificação

Mais de R$ 3,5 milhões foram investidos em 2004 na capacitação profissional de 6.896 trabalhadores em todo o Paraná (cerca de R$ 507,54 por pessoa). Este valor foi aplicado por meio do Plano Territorial de Qualificação do Paraná (Planteq), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em conjunto com investimentos do governo do Estado.

"Do total dos beneficiados no ano, 1.138 receberam qualificação na área do vestuário, setor de grande importância para a economia paranaense", destaca o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann. O Paraná é o segundo maior pólo de confecções do País.

As 4.200 empresas, em sua maioria de micro, pequeno e médio porte, registram uma produção de 150 milhões de peças/ano e um faturamento anual de R$ 2,8 bilhões, segundo a Associação Paranaense da Indústria Têxtil e do Vestuário (Vestpar).

Os cursos são ministrados através de uma parceria com o Senai, Senac, Senat e Fundação de Ensino Técnico de Londrina (Funtel). No Planteq/PR do ano anterior, a Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social investiu R$ 290 mil na área do vestuário, atendendo 960 educandos em 50 municípios (cerca de R$ 302,08 por pessoa).

Planteq

O objetivo do Plano Nacional de Qualificação Social e Profissional é garantir a qualificação profissional como direito dos trabalhadores. O Planteq é um dos mecanismos de operacionalização da iniciativa. Os cursos foram definidos a partir de uma série de seminários realizados com os Conselhos Municipais do Trabalho.

Na ocasião, a Coordenadoria de Qualificação Profissional (CQP) pediu aos conselheiros que fossem levantadas as demandas locais, por meio de uma série de fatores e critérios determinados pela própria coordenadoria. Entre esses aspectos estão a vocação das atividades produtivas do município e os segmentos econômicos com maiores perspectivas de crescimento.