O ministro do Planejamento, Guido Mantega, negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha prometido criar 10 milhões de empregos. “Todo mundo distorceu isso. O que o presidente Lula disse, no passado, é que havia necessidade de criar 10 milhões de empregos”, disse Mantega, durante a reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Lima.
“Nós vamos criar o maior número possível. É uma prioridade do governo criar empregos. É o mais forte instrumento para combater a pobreza e vamos nos empenhar para isso”, acrescentou o ministro.
Em 2002, o Plano Nacional de Emprego e Trabalho do então candidato Lula mencionava a “necessidade” da criação de 10 milhões de empregos e sugeria que o número seria atingido como resultado de um crescimento médio da economia de 5% ao ano.
Crescimento
No dia 22 de agosto de 2002, em entrevista ao programa De Olho no Mundo, uma co-produção da BBC Brasil e da Rádio Eldorado de São Paulo, o ministro – na época, assessor econômico da campanha de Lula à Presidência – foi questionado sobre como o eventual governo Lula “cumpriria a meta de criação de 10 milhões de postos de trabalho”.
“O objetivo (de criar 10 milhões de empregos) deve ser alcançado ao cabo de quatro anos, não é uma coisa imediata. Seria mentira dizer que vamos criar 10 milhões de empregos no primeiro ano de governo”, disse Mantega na ocasião.
Na época, Mantega afirmou que os empregos poderiam ser gerados com um crescimento da economia de cerca de 4% ao ano.
Até agora, no entanto, o governo ainda não conseguiu fazer com que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresça nesse ritmo e, na semana passada, o IBGE anunciou que o índice de desemprego no País chegou a 12% em fevereiro.
Questionado sobre a viabilidade de um crescimento no ritmo previsto, considerando a retração de 0,2% da economia brasileira no ano passado, o ministro disse que isso é possível, mas não de uma vez, e sim “gradativamente”.
“Neste ano, vamos crescer 3,5%, 4%. Depois, no ano que vem, 4,5%, 5%. Depois, 5,5%, 6% e assim gradativamente”, afirmou o ministro.
Mantega, no entanto, não quis arriscar uma previsão de quantos empregos devem ser criados nos próximos anos.
“Prefiro não cravar um número porque depois a gente não acerta. Nós podemos criar 1 milhão, 2 milhões por ano. O governo vai se empenhar para criar a maior quantidade de emprego possível”, concluiu.