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Agência de empregos: oportunidades
com "pé no freio".

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O saldo de empregos no Paraná caiu 21% no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período do ano passado. Foram 74.578 vagas geradas este ano, contra 94.540 em 2004. Com exceção de abril, em todos os outros meses o número de empregos gerados neste primeiro semestre foi menor. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)/Ministério do Trabalho e Emprego e foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).

Para o supervisor técnico do Dieese-PR, economista Cid Cordeiro, os números apenas confirmam que o crescimento do emprego está com o pé no freio. ?Esse resultado é reflexo da taxa de juros, que desaqueceu a economia. Também é efeito da quebra da safra agrícola, que teve impacto regional principalmente nos meses de março, abril e maio?, apontou. Entre as atividades afetadas pela quebra da safra, destaque para a agricultura e a silvicultura, cujo saldo de empregos caiu de 14,3 mil no ano passado para 10,5 mil este ano, e comércio varejista, que registrou saldo de 12,5 mil empregos no primeiro semestre de 2004 e 9,5 mil este ano.

A valorização do real frente ao dólar também prejudicou alguns setores, principalmente o de madeira e mobiliário. No primeiro semestre do ano passado, essa atividade havia gerado saldo positivo de 5,6 mil vagas, enquanto este ano fechou com saldo negativo de 1,2 mil vagas. ?A valorização do real afetou as exportações e reduziu a rentabilidade das empresas do setor. Muitas estão com dificuldades financeiras?, apontou Cordeiro.

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Entre os setores que mais empregaram no primeiro semestre, além de agricultura e silvicultura e comércio varejista, destaque também para a produção de alimentos e bebidas (16,2 mil empregos), outros serviços (6,2 mil), hotéis e restaurantes (5,8 mil), transporte e comunicação (5,1 mil), ensino (3,6 mil), têxtil e vestuário (2,7 mil), comércio atacadista (2,5 mil) e construção civil (2,3 mil).

Do total de empregos gerados no Paraná, 71% ocorreram no interior e 29% na Região Metropolitana de Curitiba. No primeiro semestre, o nível de emprego cresceu 4,36%, acima da média nacional, que ficou em 3,92%.

RMC

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Na RMC, onde a dependência da agricultura é bem menor, o saldo de empregos permaneceu praticamente o mesmo no primeiro semestre: foram 21.531 empregos gerados este ano contra 22.578 no ano passado. No ano, o nível de emprego na RMC cresceu 3,25%, acima da média nacional de 2,80%. Entre as nove regiões metropolitanas pesquisadas, a RMC ficou na terceira posição.

Entre os setores que mais empregaram no primeiro semestre, destaque para serviços como de segurança, escritório e outros (4.149 empregos), comércio varejista (3.258), transporte e comunicação (2.347) e hotéis e restaurantes (2.104). Os dois setores com pior desempenho foram extrativismo mineral e borracha, fumo e couros, com saldo de 16 empregos cada um.

Expectativas

Cordeiro lembrou que, historicamente, o maior saldo de empregos se concentra no primeiro semestre. Segundo ele, nos dois últimos anos, o número de empregos gerados no primeiro semestre correspondeu a 87% do total de empregos do ano. ?Se essa proporção se mantiver, teríamos este ano a geração de 85 mil a 90 mil empregos no Paraná?, afirmou Cid. A estimativa inicial era a geração de 100 mil vagas. No ano passado, lembrou, o Estado gerou 122 mil empregos, enquanto em 2003, 62,3 mil. ?Este primeiro semestre foi inferior a 2004, mas superior aos anos anteriores?, observou.

Segundo ele, o nível de emprego deve continuar desaquecido de julho a setembro. Apenas no último trimestre do ano, acredita, pode haver uma amenização dos dados. ?Há dois fatores importantes: a crise política, que tem afetado a decisão de investimento e o nível de confiança, e a questão da taxa de juros. O Banco Central vai ter que iniciar a queda dos juros e sinalizar que a queda será mantida?, arrematou.