O Paraná teve, em dezembro, um saldo negativo de quase 36 mil postos formais de trabalho. O número refletiu um comportamento sazonal para o período, mas ao mesmo tempo ajudou a derrubar o saldo do emprego do ano passado para 69 mil vagas, o pior nível desde 2003, quando foram criadas cerca de 62 mil vagas.
Os números foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com base no relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os números de dezembro, no Estado, ficaram em terceiro lugar entre os piores registrados para o mês, desde que a série da pesquisa foi iniciada, em 1992.
No entanto, o resultado veio após quatro meses que, juntos, tiveram o melhor desempenho pelo menos desde 2003, no comparativo com iguais períodos, com um saldo de 44,2 mil vagas. Outubro e novembro de 2008, por exemplo, tiveram os melhores saldos para os meses desde 1992.
Para o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o bom desempenho do emprego no Estado, no segundo semestre, pode ter influenciado o grande número de demissões no último mês do ano.
“Foi um diferencial de 2009 em relação a outros anos”, afirma, explicando que ainda é necessário analisar os dados detalhados para saber quantas vagas que fecharam eram apenas temporárias.
De acordo com Silva, apesar da performance do emprego no Paraná, em 2009, ter sido a pior desde 2003, é preciso também lembrar que o ano foi de crise e que os números acabaram sendo até melhores do que muitos especialistas esperavam. “O desemprego aumentou até abril, mas estabilizou a partir de maio”, diz.
Silva aponta, ainda, uma tendência de diminuição do desemprego em 2010. “[O saldo de dezembro] não deve interromper a atual tendência de recuperação”, prevê. Para ele, janeiro já deve voltar a ter números positivos, e a partir de março ou abril o desempenho pode voltar a ser forte, permitindo que o ano ao menos iguale os saldos obtidos em outros períodos, superiores a 80 mil vagas.
Agricultura
Se, em dezembro, apenas a indústria extrativa teve saldo positivo no Paraná, com 27 vagas, nos números anuais a única atividade que teve números negativos foi a agropecuária.
O setor reduziu, em 2009, 3,73% das vagas, fechando com menos 4,4 mil vagas, aproximadamente. Apenas em dezembro o setor fechou 7 mil postos de trabalho. Para Silva, a quebra de safra e a redução nas exportações ocorridas durante o ano influenciaram no desempenho.
Municípios
O saldo negativo da capital paranaense foi a principal influência nos números do Estado, em dezembro. Em Curitiba, foram fechados quase 6 mil postos de trabalho no mês, número que deixou a cidade com o pior saldo do Paraná.
Com os municípios da Região Metropolitana, o saldo cai para 8,8 mil. Em 2009, porém, a região ainda fechou com saldo positivo, de 27,6 mil vagas. Em dezembro, apenas quatro municípios com mais de 30 mil habitantes tiveram saldos positivos no emprego: Telêmaco Borba, Santo Antônio da Platina, São Mateus do Sul e Palmeira.
Número no País ficou aquém do 1 milhão previsto
Assim como no Paraná, o saldo do emprego em 2009 no Brasil, de 995.110 vagas, também foi o pior desde 2003. Em dezembro, o País fechou 415.192 postos de trabalho.
Ambos os números ficaram aquém das expectativas do governo, que previa 1 milhão de novos postos no ano passado, e perto de 300 mil vagas perdidas em dezembro.
Para o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, o saldo de empregos com carteira assinada em 2010 deverá dobrar em relação a 2009, atingindo cerca de 2 milhões de vagas.
Caso o número seja atingido, o ano terá o melhor desempenho já registrado em geração de empregos. O ministro considerou o erro de estimativa para o ano passado “desprezível”.
Quanto ao saldo de dezembro, Lupi afirmou que não esperava queda tão grande. Ainda esta semana, ele tinha afirmado que o número ficaria “ligeiramente” acima da média dos últimos anos para meses de dezembro,, que era de 300 mil.
Segundo ele, o saldo foi diretamente relacionado a demissões de trabalhadores temporários, e também deveu-se a um crescimento atípico durante os quatro meses anteriores.
“Tivemos quatro meses com saldo de geração de empregos de mais de 200 mil novos postos. Esses quatro meses comparados com qualquer ano da história foram os maiores geradores de emprego. Em dezembro, tem o fim dos contratos temporários, quando essas pessoas acabam sendo demitidas”, afirmou.
Entre os oito setores analisados, o setor de serviços foi o que fechou 2009 com o maior saldo, de mais de 500 mil empregos, seguido do comércio, que ficou com quase 300 mil novas vagas.
A construção civil ficou em terceiro lugar, com saldo de 177 mil postos de trabalho. Já o pior desempenho foi da indústria extrativa mineral, com 2 mil novos empregos.
A região Sudeste teve o melhor saldo na geração de empregos (476.031), seguida do Nordeste (227.376). Já o Sul ficou na terceira posição, com 70.138 empregos.
O Paraná ficou entre os cinco Estados que mais geraram emprego no ano passado, atrás de São Paulo (277.573 vagas abertas), Minas Gerais (90.608), Rio de Janeiro (88.875) e Bahia (71.170). (HM, com agências)