O Paraná bateu recorde na geração de empregos formais no primeiro semestre deste ano. Foram 109.162 vagas criadas de janeiro a junho – crescimento de 5,61% sobre o estoque total de trabalhadores e de 14,65% na comparação com igual período do ano passado, quando o número de novos empregos chegou a 95,2 mil, até então o melhor resultado da série histórica.
Só em junho, foram gerados 13.944 novos postos de trabalho. Com isso, o número estimado de trabalhadores com carteira assinada no Paraná é de aproximadamente 2,057milhões.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, e foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR).
“A economia está aquecida. Mesmo com o Banco Central aumentando os juros (taxa básica de juros, a Selic) para desaquecê-la, os indicadores mostram que ela continua crescendo”, apontou Cid Cordeiro, economista do Dieese-PR.
Segundo ele, o crescimento da economia está sendo sustentado principalmente pelo aumento de crédito, da renda e do emprego, o que estaria impulsionando a demanda. “Aumentaram as oportunidades de emprego”, disse, lembrando que a economia segue aquecida desde o segundo semestre do ano passado.
Setores
Três setores puxaram a geração de empregos no Paraná no primeiro semestre: a construção civil, com crescimento de 15,78%; a agricultura e silvicultura, com alta de 11,51% e a indústria de transformação, que cresceu 6,80%.
No caso da construção civil, a facilidade no acesso ao crédito imobiliário, a redução dos juros no financiamento, aumento da renda e do nível de confiança fizeram com que maior número de pessoas buscassem a casa própria.
As obras públicas, que se intensificam em anos eleitorais, também aqueceram o setor. Na agricultura, salientou Cordeiro, os preços agrícolas em alta e a expansão da área levaram à contratação de mais mão-de-obra.
Já na indústria de transformação, o maior número de oportunidades surgiu na indústria de alimentos e bebidas (18,8 mil vagas), vestuário (4,4 mil vagas) e mecânica (3,5 mil vagas).
Também tiveram bom desempenho o setor de serviços – com destaque para os serviços em geral, com 9 mil vagas, e hotéis e restaurantes, com 7,1 mil – e o comércio, com saldo de 12,9 mil empregos só no comércio varejista. “Importante ressaltar que nenhum subsetor registrou queda no número de empregos”, apontou o economista do Dieese-PR.
Na comparação com outros estados, o Paraná ocupou a sétima posição no primeiro semestre, com crescimento de 5,61% no nível de emprego, atrás de Goiás (8,56%), Mato Grosso (8,39%), Minas Gerais (7,01%), Mato Grosso do Sul (6,70%), São Paulo (6,01%) e Tocantins (5,61%). Na média nacional, o crescimento foi de 4,70%.
Interior
Com crescimento de 6,37% no estoque de trabalhadores, o interior do Paraná foi o grande responsável pela geração de empregos no primeiro semestre: resultado do período de safra, quando os trabalhadores são contratados como temporários.
Das 109 mil vagas criadas entre janeiro e junho, 68% surgiram no interior, contra 32% da Região Metropolitana de Curitiba. Na RMC, o nível de emprego cresceu 4,47%.
Ano de 2008 deve ser o melhor
O ano de 2008 deve entrar para a história como o melhor na geração de empregos. Até então, o melhor ano havia sido o de 2004, quando foram criadas 122.648 vagas no mercado de trabalho.
“Pelo ritmo da economia, o resultado deste ano deve superar o de 2004”, apontou o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro. No primeiro semestre daquele ano, haviam sido criados 94.540 empregos; este ano, o número chega a 109 mil.
De acordo com o, economista, vários indicadores apontam para um cenário mais positivo. É o caso da inflação, que fechou em 7,60% em 2004; para este ano, a previsão é de 6,50%.
A taxa de juros, apesar dos recentes aumentos, continua menor: era de 12,25% em junho último, contra 16% em junho de 2004. Já o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) fechou em 5,7% naquele ano; para este, a expectativa é alcançar 4,80%.
De acordo com o economista, a alta da taxa básica de juros deve impactar na geração de empregos mas só no final do ano e, mais intensamente, em 2009. “Em algum momento, o aumento dos juros pelo Banco Central vai ter um impacto na economia. Isso ocorre, geralmente, de seis a nove meses depois do início do movimento de alta. No caso, no final do ano”, explicou Cordeiro. Para ele, a geração de empregos vai continuar crescendo, porém num patamar menor.