Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o cenário é de estagnação. Ele avalia que o mercado de trabalho está ?engessado? e essa situação pode estar relacionada às taxas de juros, câmbio e crise política. Além disso, ele destacou que ?há um mercado de trabalho inibido em função do que vem ocorrendo na indústria e no comércio?. Segundo dados do próprio IBGE, a atividade da indústria e as vendas do comércio desaceleraram no terceiro trimestre.
Pereira afirmou que a avaliação do mercado de trabalho é ?frustrante? em relação à expectativa favorável que havia em maio, quando houve um recuo na taxa (de 10,8% para 10,2%) e as estimativas convergiam para uma trajetória decrescente até o final do ano. No entanto, ele sublinhou que os dados divulgados hoje são favoráveis se comparados a anos anteriores. Em outubro de 2004, a taxa de desemprego foi de 10,5%. Além disso, Pereira reuniu números que mostram que a taxa de desemprego média nos 10 meses de 2005 (janeiro a outubro) foi de 10%, inferior aos 11,75% de igual período de 2004 e aos 12,47% dos 10 meses de 2003.
O número de ocupados nas seis regiões ficou inalterado em outubro em 20,1 milhões de pessoas, sem qualquer variação ante setembro. Houve aumento de 2,1% ante igual mês do ano passado. A população desocupada (sem trabalho e procurando emprego) também ficou praticamente estável (-0,3%) de um mês para o outro e ainda soma 2,13 milhões de pessoas. Ante outubro de 2004, houve queda de 7,3% no número de desocupados.
Segundo Pereira, a taxa de desemprego poderá recuar em novembro e dezembro, de acordo com o movimento histórico do mercado de trabalho, já que nos dois últimos meses do ano há maior contratação de trabalhadores temporários. ?Em outubro (a taxa) é sempre superior a novembro e dezembro?, disse. Marcelo de Ávila também acredita que poderá ocorrer uma ?redução significativa? da taxa até o final deste ano.
Renda
O gerente da pesquisa do IBGE explicou que a queda no rendimento médio real dos trabalhadores ante setembro está relacionada ao aumento da inflação no mês – o indicador é deflacionado pelo INPC médio nas seis regiões pesquisadas – e à entrada de pessoas com salário mais baixo no mercado de trabalho. ?Se a inflação voltar a cair, o rendimento pode mostrar uma recuperação, ainda que a contratação de temporários no final do ano também afete o rendimento para baixo, já que eles ganham menores salários?, disse.
Com base nos dez primeiros meses do ano, Pereira afirmou que o rendimento médio real mostrou recuperação. Em 2003, o rendimento era de R$ 958,93 e caiu 1,33% em 2004, para R$ 946,18. Em 2005, na média dos 10 meses, subiu para R$ 961,48, com aumento de 1,62% ante 2004 e de 0,27% em relação a 2003 (sempre levando-se em conta os 10 primeiros meses do ano). Pereira explicou que não fez os comparativos com 2002 porque o IBGE não dispõe dos dados para todas as regiões relativos a janeiro, fevereiro e março daquele ano.
Maia ressaltou que o quadro da renda piorou em outubro, mas ?há de se considerar que o indicador de renda é bastante volátil e sensível aos resultados da inflação corrente, sendo ainda cedo para prever a continuidade deste movimento de deterioração?.