Emprego na indústria tem maior queda desde 2009

O emprego na indústria voltou a recuar em maio, numa sequência de três anos e oito meses de quedas na base de comparação anual. A diminuição do total de pessoal ocupado foi de 5,8% ante o mesmo mês de 2014, a mais intensa desde fevereiro de 2009. Com isso, a quantidade de pessoas empregadas chegou ao ponto mais baixo da série histórica da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em dezembro de 2000.

A pesquisa mostra ainda que o total de pessoal ocupado na indústria em maio ficou 11,7% abaixo do pico histórico, registrado em julho de 2008. Em junho de 2009, quando havia influência da crise internacional, o porcentual era 7% menor de quando atingiu o nível máximo de pessoas empregadas.

O economista Rodrigo Lobo, da coordenação da indústria do IBGE, destaca ainda que preocupa a sequência de resultados negativos das variáveis ligadas ao mercado de trabalho nas comparações com o mês imediatamente anterior. Em maio, o total de pessoal ocupado assalariado e o número de horas pagas permaneceram em queda, sendo que o primeiro teve cinco resultados negativos consecutivos e o segundo apresentou a terceira taxa negativa.

Lobo explica que nas comparações das séries livres de influências sazonais é comum que ocorram flutuações, com alternâncias de taxas positivas e negativas. “Uma sequência grande de taxas negativas em relação ao mês anterior mostra uma intensificação mais evidente da perda do trabalho do setor industrial.”

Empresários. Sob a óptica dos empresários, há a necessidade de demitir trabalhadores por conta de um cenário em que os níveis de estoques de produção estão ainda elevados e não está ocorrendo demanda pelos produtos. “É preciso diminuir a quantidade produzida e demitir”, avalia.

Em relação às horas pagas, que tiveram queda de 1,3% em maio ante abril, há indicação, com as quedas consecutivas, de que o empresário precisa de menos trabalhadores para dar conta da produção. “É um sinalizador de que as demissões vão se manter nos próximos meses. Se isso permanece por um período grande, vai valer mais a pena, em termos de custos, demitir uma parcela dos seus trabalhadores do que permanecer com eles pagando menos, por conta dos custos trabalhistas”, disse.

Ao mesmo tempo, o cenário atual é desfavorável, com taxas de juros crescendo e inflação pressionando a renda dos brasileiros, o que faz com que haja menos demanda por produtos industriais.

Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados do emprego industrial refletem a gravidade da crise brasileira no setor. “A crise já se arrasta por alguns anos e foi se intensificando (…). Tudo indica que esse processo não acabou”, diz análise divulgada pelo instituto.

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