O emprego industrial no Paraná encerrou o mês de agosto com saldo negativo de 1,7% na comparação com igual mês do ano passado. Foi o 13.º resultado negativo neste tipo de comparação – o último índice positivo foi registrado em julho do ano passado, quando houve crescimento de 1%. ?2005 foi um ano melhor para o emprego do que está sendo 2006?, analisou a economista Denise Cordovil, da coordenação de Emprego Industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em nível nacional, houve variação positiva de 0,2% – o segundo mês seguido de crescimento.
No Paraná, dez dos 18 setores pesquisados pelo IBGE registraram queda no número de empregos. A principal influência negativa veio do setor de madeira, com recuo de 13,1%. Também a indústria do vestuário (-8,4%) e de máquinas e equipamentos (-6,8%) mais demitiram do que contrataram neste período. No caso da madeira e do vestuário, a queda no número de empregos está relacionada à valorização do câmbio, que desestimulou as exportações. ?Estes setores ficaram menos competitivos e há prejuízo para as empresas?, analisou a economista.
No caso de máquinas e equipamentos, a redução se deve principalmente à queda na rentabilidade do setor agrícola. Também em nível nacional, os três setores registraram queda em agosto: na madeira, a redução foi de 1,9%; no vestuário, 7,7% e, na indústria de máquinas e equipamentos, 4,3%. ?São setores intensivos na utilização de mão-de-obra?, explicou Denise.
Já os setores que vêm se destacando na geração de empregos são aqueles pouco empregadores – caso da indústria de produtos químicos, com crescimento de 14,5% no saldo de empregos, e refino de petróleo, com aumento de 16%.
Além do número de demissões ter superado o de admissões, no Paraná a folha de pagamento também encolheu. Enquanto em nível nacional o rendimento dos trabalhadores cresceu 0,8% na comparação com agosto do ano passado, no Paraná a folha recuou 5,8%. ?Em 2005, a base salarial era mais alta?, apontou a economista.
Os setores que reduziram os salários foram madeira (com queda de 16,1%) e máquinas e equipamentos (-14%). Já os setores que elevaram os rendimentos dos trabalhadores foram o de produtos de metal (crescimento de 24,8%) e minerais não-metálicos (14,8%). A folha de pagamento reduziu em onze dos 18 setores pesquisados pelo IBGE no Paraná.
Acumulado no ano
No acumulado do ano (janeiro a agosto), o emprego na indústria do Paraná caiu 2,8%, influenciado, sobretudo, pelo setor de madeira (-18,8%) e vestuário (-9,3%). Na outra ponta, a indústria de alimentos e bebidas cresceu 3,9% e a de produtos químicos – incluindo fertilizantes, produtos farmacêuticos, entre outros -aumentou 8,8%.
Com relação à folha de pagamento, houve redução de 5,2% – contra aumento de 0,7% na média nacional – no acumulado do ano, puxada sobretudo pela indústria de alimentos e bebidas (queda de 10,2%) e de madeira (-17,2%). Com menor peso, mas apresentando queda expressiva está o setor de metalurgia básica, cuja folha de pagamento real (descontada a inflação) caiu quase 30%.
Para a economista Denise Cordovil, o emprego industrial em nível nacional não vem dando sinais de recuperação. ?No Brasil, o quadro é estável, ainda sem dar sinais de recuperação. Já estados como o Paraná e o Rio Grande do Sul, onde há setores que dependem das vendas externas – caso de madeira, vestuário, calçado e couro -, vêm sofrendo com o câmbio mais baixo. O reflexo disso está no número de demissões, que está superando o de admissões?, arrematou.
Oito dos 14 locais apresentaram crescimento
Em agosto, o emprego industrial teve variação de -0,1% em comparação com julho, na série livre de influências sazonais. Em relação a agosto do ano passado, houve variação positiva de 0,2% no pessoal ocupado assalariado na indústria, e resultados negativos nos acumulados do ano e dos últimos 12 meses (-0,4% em ambos).
No confronto agosto 06/agosto 05, o contingente de trabalhadores na indústria cresceu em 11 dos 18 segmentos investigados e em oito dos 14 locais pesquisados. Setorialmente, os maiores ganhos, na média nacional, vieram de alimentos e bebidas (6,6%), refino de petróleo e produção de álcool (16,4%) e máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (3,5%). O primeiro setor exerceu o principal impacto no emprego na região norte e centro-oeste (9,4%) e em São Paulo (0,7%). Foram desses locais que vieram as principais contribuições para o acréscimo da taxa no total do país.
Em sentido inverso, as áreas que exerceram as maiores pressões negativas foram: Rio Grande do Sul (-7,7%) e Paraná (-1,7%). Entre os setores, as maiores influências negativas vieram de calçados e artigos de couro (-12,3%), vestuário (-7,7%) e máquinas e equipamentos (-4,3%).
No acumulado no ano (-0,4%), oito locais e onze segmentos reduziram o pessoal ocupado na indústria, com Rio Grande do Sul (-8,9%) exercendo a principal pressão negativa, seguido pela região nordeste (-2,0%) e Paraná (-2,8%). Entre os ramos industriais, as maiores influências negativas ocorreram em calçados e artigos de couro (-13,0%), máquinas e equipamentos (-7,4%) e madeira (-9,6%).