Emprego na indústria cai 3,4% em janeiro

O emprego na indústria do Paraná caiu 3,4% em janeiro na comparação com igual mês do ano passado. Foi o terceiro maior impacto negativo do País, atrás do Rio Grande do Sul, que registrou queda de 9,4% e da região Nordeste, onde o emprego industrial recuou 3,7%. Na média nacional, também houve queda, mas menor: de 1,3%. Os dados fazem parte da pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constatou, também, alta de 5,3% na folha de pagamento, na média nacional.

No Paraná, 11 entre 18 atividades analisadas registraram queda no emprego em janeiro. O pior desempenho veio da indústria da madeira, com queda de 22,3%. Em seguida aparecem as indústrias do vestuário (-11,6%) e de outros produtos da indústria de transformação (-8,2%). No caso da madeira e do vestuário, o desempenho negativo está relacionado sobretudo à exportação – com o real valorizado frente ao dólar. No caso do vestuário, há ainda a concorrência com produtos importados.

Por outro lado, entre os setores que registram números positivos estão alimentos e bebidas (crescimento de 5,7%), produtos de metal (3,9%) e calçados e couro (11,1%). ?Setores como de alimentos e bebidas; calçados e couro são muito empregadores. Mas, mesmo os resultados positivos dessas atividades não contrabalançaram os negativos?, observou a economista Denise Cordovil, da Coordenação da Indústria do IBGE.

Este foi o sexto mês consecutivo de queda neste tipo de comparação no Paraná. No País, foi o quinto mês seguido de queda. A economista do IBGE lembrou que no ano de 2004 foi observado maior dinamismo da produção industrial, que seguiu até o início de 2005. ?A base de comparação é elevada. Em janeiro de 2005 o crescimento foi de 3,1% na comparação com janeiro de 2004?, apontou.

Em nível nacional, a região Norte e Centro-Oeste exerceu a principal contribuição positiva (crescimento de 5%), em função dos aumentos observados em 12 ramos, seguida por Minas Gerais (2,1%), com aumento em nove segmentos, ambos os locais influenciados, principalmente, por alimentos e bebidas: 14,7% e 22,7%, respectivamente.

Ainda no confronto mensal, no total do País, 12 dos 18 setores apresentaram índices negativos, sendo as principais pressões, no cômputo geral, representadas por calçados e artigos de couro (-14,7%), máquinas e equipamentos (-9,3%) e madeira (-15,6%). Em sentido contrário, destacou-se a influência positiva de alimentos e bebidas (8,0%) e, em menor medida, de meios de transporte (3,7%).

Renda

Em relação ao número de horas pagas, houve recuo de 0,7% na média nacional, com o desempenho negativo em 10 dos 14 locais e 11 dos 18 ramos pesquisados. No corte setorial, as maiores pressões negativas vieram de madeira (-17,5%), máquinas e equipamentos (-9,1%) e de calçados e artigos de couro (-8,7%). Por outro lado, os impactos positivos mais relevantes foram observados em alimentos e bebidas (7,2%) e máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos e de comunicações (11,2%). No Paraná, o número de horas pagas recuou 6%, influenciado sobretudo pelo setor de madeira (-27,2%) e vestuário.

O valor da folha de pagamento nacional deu um salto de 5,3% em relação a dezembro, segundo o IBGE. O resultado foi influenciado pelo pagamento de benefícios na indústria extrativa (23,7%), enquanto na indústria de transformação o aumento foi de 3,7%. O crescimento da renda do trabalhador industrial, em janeiro, interrompeu uma seqüência de quatro meses seguidos de queda e foi igual à perda acumulada no período, de 5,3%.

No Paraná também em relação ao valor da folha de pagamento, a indústria registrou queda em janeiro deste ano na comparação com igual mês do ano passado: -0,2%. Os setores que tiveram os maiores impactos negativos no Estado foram alimentos e bebidas (-14,1%) e madeira (-21,8%). Ao todo, 11 dos 18 segmentos da indústria paranaense tiveram redução na folha de pagamento.

Crise da madeira fecha 4 mil postos de trabalho

Será apresentado na Delegacia Regional do Trabalho (DRT/PR), nesta segunda-feira (dia 21), às 14h, o programa estadual Florestas Plantadas, que mostrará um diagnóstico da situação da madeira, que é o segundo produto de exportação no agronegócio do Paraná. O delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk, participará da apresentação, que visa sugerir soluções para os problemas do setor, que fechou 4.209 postos de trabalho em 2005 e continua a demitir.

Segundo a pesquisa desenvolvida pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) e Emater, a crise na oferta de madeira deverá ser observada, já a partir de 2006, com o encerramento de atividades de um grande número de empresas de base florestal (em torno de 40%-45%), pois houve uma queda de 12,6% na produção da atividade nos últimos 12 meses.

Segundo Serathiuk, o documento afirma que o fechamento dessas empresas implicará na perda de cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos, afetando diretamente 120 mil pessoas e a economia do Estado. ?Caso não seja tomada alguma atitude para evitar a escassez de madeira, iremos sentir os impactos tanto na área econômica como na social e ambiental?, frisa.

Para o delegado do Trabalho, a iniciativa é uma importante oportunidade para aqueles que atuam com o tema dialogarem ações que possam resolver e melhorar a situação do setor, que está diretamente ligado com a madeira. ?É preciso ouvir trabalhadores, empresários e governo para poder traçar políticas de emergência para o setor, pois o problema não é a queda do dólar ou dos juros. Temos setores que estão crescendo no mesmo período, enquanto o madeireiro está em crise em razão da escassez da matéria-prima, que não permite baixar os custos?, ressalta.

Entre as entidades participantes da apresentação do programa Florestas Plantadas estão a Embrapa, Emater, Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPL), Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE/Fiep) e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). 

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