A criação de empregos formais em maio em um número menor do que nos mês anterior não indica uma desaceleração no ritmo de expansão do emprego com carteira assinada. Essa é a avaliação do ministro Ricardo Berzoini (Trabalho). Segundo número do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), no mês passado foram criados 212.450 novos postos de trabalho, contra 266.095 de abril e 291.822 em maio do ano passado.
O ministro, no entanto, acredita que a queda não indique uma desaceleração. ?Maio do ano passado foi o melhor mês do melhor ano.? Para o ministro, é difícil superar o resultado do ano passado porque, além de ter ocorrido a consolidação da atividade exportadora, houve a retomada do mercado interno.
Neste ano, o governo espera gerar 1,5 milhão de empregos formais.
Nos primeiros cinco meses do ano, foram criados 770.767 novos postos de trabalho com carteira assinada. ?Mesmo com as restrições da política monetária (juros altos) e do câmbio, o dinamismo da economia brasileira é muito forte?, avalia Berzoini.
Para ele, irá ocorrer uma queda na taxa de juros da economia, a Selic – que foi mantida em 19,75% ao ano – até o final deste ano.
O ministro destacou ainda que a criação de vagas no acumulado dos últimos 12 meses (1,467 milhão) apresenta um crescimento de 6,13%, ou seja, superior ao índice de crescimento da economia.
O desempenho foi positivo em todos os setores. Serviços criou 57.679 vagas; agricultura, 58.744, e indústria de transformação, 45.938 novos postos.
De acordo com Berzoini, no caso da indústria todos os segmentos tiveram um bom desempenho no mês passado, com exceção dos que atuam na área de madeira e calçados. ?São os dois setores que sentem mais a questão do câmbio?, disse.
O setor calçadista é exportador e, em tese, quanto menos vale o dólar, pior para os exportadores, já que os produtos brasileiros ficam mais caros lá fora.
Na análise das regiões, o maior crescimento ocorreu no Sudeste, com um crescimento de 1,12% (156.286 novas vagas). O maior número de novos postos surgiu em São Paulo (87.965).
?Como destaque negativo, (está a) região Sul do País, muito afetada, especialmente, pela estiagem no Rio Grande do Sul?, disse o ministro.
O crescimento do emprego formal na região Sul do País foi de apenas 0,23% no mês passado, com um saldo positivo de 11.318 empregos com carteira assinada. O Rio Grande do Sul registrou um saldo negativo de 5.831 vagas.
Ipea
?Acredito na criação de mais de um milhão de empregos para este ano, mas não deve haver o mesmo desempenho quantitativo do ano passado, quando se falou em 1,5 milhão?, avalia Marcelo Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Recentemente, o Ipea reduziu a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,8% para 3,5%. ?Acredito numa melhora na qualidade das vagas criadas, como empregos com carteira assinada, com mais qualidade e menos quantidade?, Ávila.
?Com todo o respeito ao Ipea, que tem técnicos de altíssima qualidade, tenho observado as previsões e eles estão sempre muito cautelosos?, comentou, Berzoini. ?As previsões no início de 2004 não anteviam o que aconteceria para o mercado de trabalho?, apontou o ministro.