Rio
– Apesar do resultado positivo de março, quando foi registrado um saldo de 21.261 contratações, o desempenho do mercado formal de emprego neste ano está muito aquém do verificado em 2002. Em março do ano passado, a diferença entre admitidos e demitidos deixou um saldo positivo de 90.260 vagas de trabalho. No primeiro trimestre de 2002, o mercado formal de trabalho criou 216.501 vagas para empregados com carteira assinada. Nos três primeiros meses deste ano, o número de novos postos de trabalho foi de 140.775. Ou seja, houve uma redução de 35%. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.No boletim que acompanha os números retirados do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged), o Ministério do Trabalho não menciona os dados do mesmo período do ano passado. A análise feita pelos técnicos se restringe ao resultado do mês e ao fechamento do primeiro trimestre de 2003. Em março, o desemprego aumentou na construção civil, que registrou perda líquida de 13.416 postos de trabalho, e no comércio, que fechou 5.451 vagas.
O saldo positivo foi sustentado por agricultura, indústria de transformação e serviços. Na agricultura, o movimento a favor do emprego foi determinado pela expansão da safra na Região Sudeste. O setor criou 11.030 oportunidades de trabalho em março. A indústria fechou o mês com 12.193 empregados a mais. Esse resultado, no entanto, ficou concentrado nos setores ligados à produção de bens com boa participação na pauta de exportações. A indústria de calçados, por exemplo, criou 4.542 postos de trabalho e o setor de borracha e de couros 2.252. O saldo líquido do emprego formal também foi positivo no setor de serviços. A contratação de professores para as escolas criou 11.383 oportunidades de trabalho.
Em termos geográficos, houve perda de postos de trabalho nas regiões Norte (-1.130) e Nordeste (-18.084) e expansão do emprego nas regiões Sudeste (19.269), Sul (11.082) e Centro-Oeste (10.124). Em termos de regiões metropolitanas, a queima de postos de trabalho foi generalizada, com destaque para o Rio de Janeiro, que fechou 3.021 postos de trabalho. A exceção ficou por conta de São Paulo (criação de 1.324 empregos) e Porto Alegre (2.392).
Informal cresce e salário cai
A informalidade do mercado de trabalho elevou a ocupação e derrubou o rendimento dos trabalhadores em março. O crescimento de 6% no número de ocupados no mês, ante igual período do ano passado, com acréscimo de 1,038 milhão de pessoas trabalhando, ocorreu especialmente por causa do aumento de 9,3% no número de ocupados sem carteira assinada nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de ocupados com carteira cresceu em ritmo bem menor (3,3%). O trabalho informal cresceu em São Paulo.
A taxa de desemprego em março atingiu 12,1%, resultado pouco superior aos 11,6% de fevereiro e considerado como “estável” pelos técnicos do IBGE. As variações de maior destaque ocorreram no mercado informal. Houve aumento significativo também no grupo dos trabalhadores por conta própria (que inclui camelôs, ambulantes, profissionais free-lancer, ou seja, todos os que não têm contrato formal de trabalho ou empregados), que cresceu 7% ante março de 2002.
Na comparação dos dados de março em relação a fevereiro deste ano, o número de ocupados sem carteira assinada cresceu 3,2%, enquanto a ocupação com carteira caiu 1,6%.
Renda
A maior precariedade do mercado de trabalho em março, com aumento do emprego informal, reduziu a renda dos ocupados. Segundo o IBGE, o rendimento médio real habitualmente recebido (sem gratificações) dos trabalhadores caiu 7,2% em março, ante igual mês do ano passado.
“O crescimento da informalidade está refletindo na renda”, disse o gerente da pesquisa mensal de emprego, Cimar Azeredo Pereira. Na comparação com fevereiro, o rendimento caiu 2%.
Em São Paulo, que puxou o crescimento da informalidade no País, a queda na renda dos ocupados foi ainda mais significativa, com variação de -8,9% em março ante igual mês de 2002 e de -3,6% na comparação com fevereiro.