Emprego formal cresceu em menor ritmo em julho

O nível de emprego formal no Paraná cresceu 0,34% em julho, correspondendo à criação de 4.990 postos de trabalho, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Apesar de ter registrado expansão acima da média nacional no mês passado (0,27%), o Estado apresentou a segunda menor variação do ano, acima apenas de janeiro (0,08%) e 0,38 ponto percentual inferior ao índice de junho (0,72%). Foi o menor resultado dos meses de julho dos últimos três anos (0,40% em 2000 e 0,39% em 2001).

Com o incremento do último mês, o número estimado de trabalhadores com carteira assinada no Estado passou para 1.467.893. No ranking da evolução do emprego entre as 27 unidades da federação, o Paraná ficou em décimo segundo lugar. O maior aumento ocorreu no Acre (2,00%), enquanto em Roraima houve recuo de -0,85%. De janeiro a julho de 2002, foram gerados 64.244 novos empregos no Paraná. Com variação de 4,58%, o Estado ocupou o sétimo lugar no ranking nacional, superando a média de 3,50%. Já no acumulado dos últimos doze meses, o Paraná fica em décimo primeiro lugar, com saldo de 53.803 vagas e elevação de 3,66% – superior à média nacional de 3,10%.

O crescimento do emprego com carteira em julho foi impulsionado pela Indústria de Transformação, Comércio e Construção Civil, que geraram, respectivamente, 1.806, 1.617 e 954 empregos – respondendo por 87,7% do total das vagas abertas no Estado. Das 4.990 vagas novas, 84,5% surgiram no interior do Estado, onde o nível de emprego formal avançou 0,49%, enquanto na Região Metropolitana de Curitiba, o acréscimo foi de 0,13% – totalizando 600.299 trabalhadores com carteira.

Nos sete primeiros meses de 2002, a expansão do emprego com carteira no Paraná foi influenciada pela indústria de transformação (24.115), agricultura (14.423 vagas), serviços (12.177) e comércio (9.491). Os sub-setores com maior crescimento foram: indústria de alimentos e bebidas (12.303), têxtil e vestuário (4.531), ensino (4.096) e hotéis e restaurantes (3.441). Os mesmos grupos sustentam a alta do emprego com carteira no acumulado dos últimos doze meses.

O economista Cid Cordeiro, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), explica que sazonalmente o índice de julho é menor que os meses que o antecedem. “No Paraná, a agricultura é o setor que segura os empregos no primeiro semestre, mas deixa de apresentar os mesmos resultados quando passa o período de safra. E não existe outro setor que ocupe este espaço, já que a indústria concentra a produção de agosto a outubro, quando produz para o Natal”, comenta. Cordeiro salienta ainda que há dúvidas sobre o real impacto da atividade industrial nesse ano devido aos elevados estoques.

Desemprego

Apesar do crescimento do emprego com carteira, a desaceleração da economia verificada no primeiro semestre aponta alta do desemprego em todas as regiões brasileiras. “Os índices de desemprego tanto do Dieese quanto do IBGE ficaram estáveis, porém em patamar elevado”, assinala Cordeiro. Nos períodos de janeiro a julho do ano passado, a média mensal de desemprego foi de 17,23% (Dieese) e 6,27% (IBGE). No mesmo período de 2002, os índices pularam para 19,12% e 7,32%. “As instabilidades e incertezas afetam o PIB, tanto que o Banco Central já revisou a estimativa original de crescimento desse ano de 2,5% para 1%”, aponta o economista. “Isso se reflete em nível de emprego baixo e elevado desemprego”.

Sinttel denuncia precarização

Olavo Pesch

Perfil do emprego no setor de telecomunicações no Paraná, apresentado ontem pelo Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Paraná) e Dieese, aponta para a precarização da força de trabalho no setor. Apesar do crescimento de 5,17% nos empregos de 94 a 2000 (passando de 7.760 para 8.161), verifica-se redução de 6,13% nos postos ocupados por homens, enquanto aumentaram 30,06% as vagas femininas. “Nas contratações, observamos um crescimento grande na área de call center, que emprega muito mais mulheres”, comenta Andréia Regina Rodrigues, assessora de negociações coletivas do Sinttel.

O estudo do Dieese mostra ainda que houve aumento de escolaridade nos empregados de telecomunicações. A soma de pessoas com, pelo menos, segundo grau completo, passou de 73,33% para 83,48% de 94 a 2000. Foi constatado também ampliação da participação dos jovens (18 a 24 anos) no mesmo período, que representavam 9,18% do total de empregados em 94 e 23,64% em 2000. Atualmente, o setor de telecomunicações emprega 11.844 pessoas no Paraná.

“Há manutenção do nível de emprego, mas trabalhamos diariamente com o desemprego em todas as empresas. Parte desses trabalhadores consegue recolocação, mas com precarização”, denuncia Andréia, destacando que muitos funcionários dispensados de operadoras passam a receber salários 30 a 40% menores em prestadoras de serviços. “Em certos casos, se normatiza o salário baixo e o pagamento por fora”, observa. A média salarial nas terceirizadas gira em torno de R$ 350.

Em 94, as empresas de telefonia com mais de mil empregados tinham 72,49% de participação no mercado. Em 2000, representavam 46,02%, ao passo que as firmas de 250 a 499 empregados totalizavam 20,84%. A Telepar Brasil Telecom, que tinha 5,5 mil empregados em 98, quando foi privatizada, hoje tem cerca de 1,2 mil funcionários diretos.

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