Emprego em 2006 será menor que em 2005

O Paraná deve fechar 2006 com saldo de empregos menor ou, no máximo, igual ao do ano passado. A previsão é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), que divulgou ontem o nível de emprego em agosto. Desde janeiro, o Estado gerou 84.164 empregos (saldo entre admitidos e demitidos) – quase 6% menos do que os 89,5 mil registrados no mesmo período do ano passado.

A previsão inicial do Dieese-PR era que este ano o saldo de empregos ficasse numa posição intermediária: maior do que 2005 – quando o saldo foi de 72 mil empregos -, porém menor do que 2004, quando houve saldo recorde de 122 mil empregos. O supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, reconhece, no entanto, que dificilmente a previsão se concretizará. ?Setembro e outubro são meses de contratação, porém em novembro e dezembro costuma haver mais demissões?, afirmou.

De acordo com o economista, o desempenho fraco se deve à própria economia do País, que não cresceu como se esperava. ?Tanto o Banco Central como o mercado esperavam crescimento do PIB de 4%. O BC já reviu a previsão para 3,5%, e o mercado fala em crescimento de 3%?, apontou. No caso específico do Paraná, houve problemas com a agricultura e o câmbio que prejudicou as exportações, especialmente do setor de madeira e mobiliário.

Já o economista Sandro Silva, também do Dieese-PR, mantém expectativas mais otimistas e um segundo semestre melhor do que o de 2005. ?A taxa de inflação está mais baixa, assim como a taxa de juros, que apesar do patamar elevado vem caindo?, apontou. O aumento da renda real e do salário mínimo também podem contribuir para a geração de mais empregos, acrescentou ele.

Agosto

Em agosto, o nível de emprego no Paraná cresceu 0,39%, com saldo positivo de 7.258 empregos. Entre os setores que mais criaram oportunidades, destaque para o comércio varejista (1.465 vagas), hotéis e restaurantes (1.282) e têxtil e vestuário (826). Já as demissões ocorreram na indústria de madeira e mobiliário (-410) e agricultura e silvicultura (-370). A maior parte dos empregos (quase 54% do total) foi gerada na Grande Curitiba. Apesar do crescimento, foi o pior desempenho do mês nos últimos quatro anos – em 2005, o saldo foi de 10,3 mil empregos no mês e, em 2004, 18,9 mil. Na comparação com outros estados, o Paraná ficou na 17.ª posição, com índice abaixo da média nacional, que foi de 0,47%.

Já no acumulado do ano (janeiro a agosto), o saldo de empregos cresceu 4,75%, com a geração de 84.164 vagas – a maior parte delas (66%) no interior do Estado. Entre os setores que mais empregaram estão a indústria de alimentos e bebidas (18.206 vagas), agricultura e silvicultura (9.869), outros serviços (9.243) e hotéis e restaurantes (7.746). Na outra ponta, a indústria de madeira e mobiliário acumula queda de 1.023 empregos. Na comparação com outros estados, o Paraná está na oitava posição, um pouco acima da média nacional (4,63%).

Grande Curitiba

Com relação a Curitiba e Região Metropolitana, o nível de emprego vem registrando desempenho melhor do que o Estado como um todo. Em agosto, a RMC criou 3.909 empregos – crescimento de quase 52% na comparação com igual mês do ano passado, quando o saldo foi de 2.579 vagas. Também no acumulado do ano (janeiro a agosto), houve aumento: de 26.790 no ano passado para 28.288 este ano. O setor de serviços é o que mais vem empregando – no ano, já gerou 15,6 mil vagas -, seguido pelo comércio (4,4 mil) e indústria de transformação (3,8 mil).

Começam as negociações salariais com a Copel

Com data-base no dia 1.º de outubro, os funcionários da Companhia Paranaense de Energia (Copel) já deram o pontapé inicial nas negociações salariais. Uma das principais reivindicações do Coletivo Sindical da Copel – entidade que reúne onze sindicatos de várias categorias profissionais e que representa em torno de 90% do atual quadro de funcionários da empresa – é a volta do adicional por tempo de serviço, congelado desde 1.º de outubro de 98.

De acordo com o coordenador do Coletivo Sindical, Claudeir Fernandes, a pauta de reivindicações foi protocolada na Copel no dia 28 de julho. O documento tem 42 cláusulas. Segundo Fernandes, os trabalhadores aceitaram abrir mão do pagamento do adicional por tempo de serviço à época, diante do cenário de insegurança de pré-privatização. ?O trabalhador da Copel perdeu 5,18 salários desde 98?, apontou, referindo-se ao período em que o adicional de 1% do salário ao ano deixou de ser pago.

Os trabalhadores querem ainda reposição da inflação e aumento real de 5%. Para a categoria, a boa fase da empresa – que saiu de prejuízo de R$ 320,19 milhões em 2002 para lucro de R$ 740 milhões no primeiro semestre desse ano -permite a concessão de reajustes salariais e a volta do adicional. ?A Copel é uma das maiores empresas do Paraná. Os trabalhadores querem o reconhecimento dessas conquistas em termos salariais?, afirmou o economista do Dieese-PR, Cid Cordeiro. Os trabalhadores não descartam possibilidade de greve, caso as negociações com a empresa não avancem. A Copel emprega cerca de 8 mil pessoas pelo regime celetista, segundo os sindicatos.

A direção da Copel informou, através da assessoria de imprensa, que ainda é prematuro falar sobre o assunto. ?A empresa aguarda que as negociações ocorram com cordialidade, na busca do consenso?, afirmou a assessoria.

Salário mínimo ajuda a definir pisos negociados

São Paulo (AE) – O salário mínimo estabelecido pelo governo federal tem grande influência na definição dos pisos salariais negociados por diversas categorias e sindicatos. A conclusão faz parte de um estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que analisou 211 acordos e convenções coletivas de trabalho negociadas no primeiro semestre deste ano.

O ?Balanço dos pisos salariais negociados no primeiro semestre de 2006? aponta que 70% das negociações fixaram pisos salariais a até 1,5 salário mínimo vigente na data-base da categoria. Até 1,25 salário mínimo, a proporção é de 44%. Técnicos do Dieese explicam que os totais excedem 100% em razão da existência de casos que combinam mais de um critério de diferenciação dos pisos: valor único, função, por atividade (e carga horária), admissão/efetivação, tamanho da empresa, reajuste na vigência e localidade.

De acordo com a instituição, os dados deste ano apresentam melhora aos verificados em igual período de 2005, ?quando cerca de um quarto das negociações analisadas previa pisos salariais que superavam o salário mínimo em até 25% e metade delas o ultrapassava em até 50%?.

O Dieese defende que a maior proximidade entre os valores do mínimo e dos pisos salariais decorre do fato de os ganhos reais aplicados ao salário mínimo oficial não terem sido incorporados aos pisos salariais negociados.

?Deve-se reconhecer a importância da valorização do salário mínimo como fator de elevação da renda funcional do trabalho, haja vista o impacto, imediato ou em cadeia, que os reajustes oficiais produzem sobre as faixas de remuneração inferiores?, acrescenta o documento, reforçando a tese do Dieese de que o mínimo é um instrumento importante de distribuição de renda no País.

Apesar do reconhecimento, o Dieese observa que o crescimento do mínimo, mesmo em valores reais, ainda tem se dado num ritmo insuficiente. Como referência, o Dieese analisa o comportamento do Salário Mínimo Necessário (SMN), o valor estimado pela instituição com base no custo da cesta básica de alimentos e nas demais despesas do orçamento de uma família composta por dois adultos e duas crianças, como o necessário para cobrir as necessidades previstas na Constituição Federal.

Em junho de 2004, eram necessários 5,92 SMNs para atender às necessidades das famílias, enquanto em junho de 2006 o valor diminuiu para 4,14 SMNs. A diminuição decorreu da queda da inflação no período, motivada sobretudo pela redução dos custos dos alimentos, e pelo aumento real do mínimo conferido pelo governo, em abril deste ano, passando de R$ 300 para R$ 350.

?Prova dessa insuficiência é a constatação de que entre todos os pisos salariais computados no primeiro semestre de 2006, somente um – justamente o valor máximo, igual a 5 salários mínimos – proporcionaria a um trabalhador recém-contratado um nível de rendimentos suficiente para cobrir as despesas com as necessidades fundamentais de sua família?, aponta o estudo.

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