Empregado deve ter limites para manter boa relação com patrão

O funcionário popularmente conhecido como “puxa-saco” e o patrão autoritário. Dois clichês que perduram com o passar dos anos nas corporações. Mas será que eles ainda realmente existem?

A concepção da relação entre o chefe e empregado vem se alterando no universo corporativo e os profissionais e empresas devem se enquadrar a essa nova realidade, formada pela colaboração entre as partes, comunicação clara e trabalho em equipe.

Qualquer excesso na convivência entre superior e subordinado pode ser entendido como bajulação. Portanto, a educação e a etiqueta profissional devem prevalecer na interação.

“O profissional subordinado deve respeitar seu superior, mas não deve se submeter quando encontrar uma melhor solução. Deve, respeitosamente, apresentar sua opinião e esperar a devolução do seu superior”, afirma a gerente de desenvolvimento de pessoal Fátima Sanchez. “O puxa-saco é um bajulador em potencial e é tão presente que até tem dia de comemoração, dia 13 de setembro”, completa.

 É completamente possível interagir com o chefe sem ser visto como puxa-saco. Isso ocorre a partir do momento em que se coloca a marca pessoal nos trabalhos realizados, conquistando resultados concretos e significativos. É importante um diálogo aberto, levando em conta as opiniões transmitidas e compartilhando as suas.

Profissionais com boa relação com seus chefes geram resultados positivos, propiciam desenvolvimento, reconhecimento, diretrizes claras e expectativas alinhadas.

“Há pesquisas que apontam que um dos principais motivadores de boas performances dos colaboradores de uma empresa é a qualidade de relacionamento com o líder imediato. Não há melhor contexto de trabalho para o desenvolvimento profissional de um colaborador”, explica a psicóloga com especialização em orientação profissional e carreira Priscila Azevedo.

Uma comunicação transparente é ferramenta essencial para essa relação. Para muitos, a maior dificuldade é superar a barreira que, supostamente, existe com o empregador. Um diálogo regado de bom senso e postura profissional podem gerar excelentes resultados, melhorando o relacionamento e a confiança.

“É preciso um bom grau de conhecimento do outro para entender os motivos da barreira. Uma boa conversa franca e honesta com o chefe pode valer a pena”, explica Fátima Sanchez. Para ela, é necessário saber dos pontos fortes e fracos que impactam na relação sem que haja “puxa-saquismo”. Às vezes é isso que incomoda na relação com chefe.

Não existe regra para quem deve tomar partido para um diálogo mais livre, a fim de criar um canal mais aberto. Dividir sucessos diários e dificuldades pode ajudar a melhorar o desempenho e permite que o superior tenha mais liberdade de dar feedbacks, por exemplo.

“O papel do líder é estimular seu funcionário e desenvolvê-lo. Para isso deve conhecê-lo, saber seus objetivos, sonhos e fatores de motivação. Para que isto ocorra, é imprescindível que o líder se comunique com seus liderados”, afirma o diretor executivo de uma empresa de treinamentos e palestras gerenciais, comportamentais e de “segurança do trabalho”, Luciano Amato.

O interessante é que o líder possa propiciar um ambiente de facilitação para o diálogo, de forma que seus colaboradores sintam-se à vontade para interagir, perguntar, dividir e confiar.

“Para o colaborador, o melhor é não se isolar e compartilhar ideias e iniciativas de valor agregado para a equipe ou para o trabalho com seu superior. Já para o líder, aumentará sua credibilidade e força, e os colaboradores não se sentirão acuados ou negativamente pressionados”, aponta Priscila Azevedo.

Luciano Amato aponta falhas clássicas de um profissional sem o devido preparo para cargo de liderança:

– não comunicar claramente as metas para área;

– não dar feedback constante;

– não treinar sucessores por questão de insegurança;

– assumir créditos de idéias de liderados perante seus superiores;

– manter-se distante dos liderados sem criar uma política de portas abertas;

– não estimular a criatividade, autonomia e desenvolvimento tornando os liderados dependentes.

“É importante lembrar a importância do papel do líder nos resultados e retenção de talentos, pois segundo pesquisa do Instituto Gallup, mais de dois terços das pessoas se demite dos ‘chefes’ e não das empresas”, informa o diretor.

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