Um em cada sete brasileiros tem
“tino” de empreendedor.

Um em cada sete brasileiros são empreendedores, segundo a pesquisa GEM Internacional 2002, divulgada ontem pelo IBQP-PR (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Paraná) e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). A relação é a mesma do ano passado, embora a taxa de atividade empreendedora tenha caído de 14,2%, em 2001, para 13,5%. Para os pesquisadores, essa pequena redução reflete a persistência de um quadro adverso da economia. Mesmo assim, superou a média mundial de 12%. A mais alta taxa brasileira foi a de 2000 (20,4%), quando um em cada cinco brasileiros estavam envolvidos em atividades empreendedoras.

Estima-se que 14,4 milhões de brasileiros sejam empreendedores, a partir das informações coletadas da amostra de 2 mil entrevistados. No mundo, são 286 milhões de pessoas. Em 2001, o Brasil tinha a quinta maior taxa de empreendedorismo entre os 28 países pesquisados. Na nova edição da pesquisa, o País caiu para sétimo lugar entre os 37 países participantes. A maior taxa foi verificada na Tailândia (18,9%) e a menor no Japão (1,8%). À frente do Brasil, também figuram: Índia, Chile, Coréia do Sul, Nova Zelândia e Argentina.

O projeto GEM (Global Enterpreneurship Monitor) considera empreendedorismo qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou empreendimento, como por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento existente, por um indivíduo, grupo de indivíduos ou por empresas já estabelecidas. O IBQP-PR é a única entidade brasileira vinculada ao projeto, coordenado internacionalmente pela London Business School (Inglaterra) e pela Babson School (EUA).

Indicadores

De acordo com o levantamento, no Brasil 16% dos homens (8,3 milhões) e 11,3% das mulheres (6,1 milhões) desenvolvem atividades empreendedoras. Em relação a 2001, a participação feminina no País subiu de 38% para 42%. A maior taxa é verificada na faixa etária de 25 a 34 anos, na qual 18,6% informaram possuir ou estarem iniciando um negócio próprio. Em 2002, a taxa de empresas nascentes no Brasil (com até três meses) foi 5,7% e a de novas empresas (até 42 meses) foi 8,5%, acima das médias mundiais.

O dado que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o primeiro lugar obtido pelo Brasil na taxa de atividade por necessidade (7,5%), superior à de 2001 (5,7%) e bem acima da média mundial (1,9%). No ano passado, 52% dos empreendedores do País iniciaram atividades por oportunidade. Nesse ano, 56% começaram o negócio por necessidade, diante da dificuldade em encontrar trabalho. “A condição social faz essa situação aflorar com mais força nos países em desenvolvimento”, comentou Marcos Mueller Schlemm, coordenador geral do projeto no Brasil.

Entre os fatores a serem melhorados, os entrevistados citaram: dificuldade de acesso e custo do capital, políticas e programas não adequados à realidade empreendedora, elevada carga de tributos e exigências legais e fiscais e capacitação para gestão do negócio. “A pesquisa pode e deve ajudar as políticas públicas para que os empreendedores tenham sucesso e longa vida”, destacou o presidente do Conselho de Administração do IBQP-PR, Sérgio Marcos Prosdócimo. “Existe uma necessidade radical de mudar a cultura empreendedora do País. Se 97% dos empregos gerados nos últimos anos foram nas pequenas empresas, por que não fomentar esse campo?”, reforçou Vinícius Lummertz Silva, diretor-técnico do Sebrae.

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