Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
Onildo Benvenho e Ronei Volpi: informações todas as semanas. continua após a publicidade |
Quando se fala em empresa, a primeira imagem que vem à mente é uma construção ampla, ocupada por executivos e demais trabalhadores. A empresa pode também ser pequena, formada por apenas uma ou duas pessoas. De qualquer forma, ela está sempre relacionada ao meio urbano. O que poucos sabem é que uma propriedade rural, por menor que seja, também pode – e deve – ser vista como uma empresa, capaz de agregar valor e gerar lucros.
?Os produtores rurais têm que se reconhecer como empresários, começar a enxergar ?da porteira para fora??, apontou o coordenador técnico do agronegócio do Serviço de Apoio à Pequena Empresa do Paraná (Sebrae-PR), Onildo Benvenho. ?Até então, o agricultor só ficava preocupado com a produção. Agora, ele está com visão mais ampla, está agregando valor ao produto?, acrescentou.
Com o objetivo justamente de despertar o aspecto empreendedor nos trabalhadores rurais foi criado o programa ?Empreendedor Rural?, uma iniciativa do Sebrae-PR, Senar-PR, Faep e Fetaep. Desde o segundo semestre de 2003, cerca de 10 mil pessoas já passaram pelo programa. Ontem, uma nova turma, formada por aproximadamente 1,6 mil pessoas, concluiu a primeira fase do ?Empreendedor Rural?. Durante o dia todo, eles participaram de uma extensa programação no Expotrade, em Pinhais, e assistiram a apresentação de 30 projetos – os que mais se destacaram, entre centenas – elaborados pelos próprios produtores rurais.
?Desde julho, eles estão aprendendo a fazer projetos para suas propriedades?, explicou Benvenho. Segundo ele, a viabilização do projeto não é o mais importante. ?Para nós, não é importante que seja viabilizado, mas que eles aprendam a metodologia de como fazer um projeto, que refaçam se necessário ou até descartem se virem que vão ter prejuízo?, explicou. ?Nosso objetivo é educacional.?
Como bons empreendedores, os produtores rurais recebem também instruções de desenvolvimento humano. ?Instrumentalizamos os agricultores para pensarem como empresários, planejarem, fazerem um diagnóstico certo?, comentou o superintendente executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Paraná (Senar-PR), Ronei Volpi. As informações são repassadas semanalmente aos produtores, e o programa dura quase cinco meses. A grande maioria dos participantes, segundo Volpi, tem entre 20 e 30 hectares. Trinta por cento são mulheres e a idade média é de 35 anos.
Em andamento
?Coleta e processamento de sêmen de suínos para a inseminação artificial? foi o tema do projeto escolhido por Elaine Decker Lawich, 25, para o programa ?Empreendedor Rural?. Elaine conta que elaborou o projeto pensando em melhorar a inseminação artificial de suínos na propriedade de sua família, em Toledo, Oeste do Paraná. E revela que já começou a implantá-lo há cerca de um mês. ?Antes, a gente comprava o sêmen em uma central, através da cooperativa. Agora, a coleta é feita na própria propriedade. A vantagem é que podemos fazer o número de doses que queremos?, explicou. Segundo ela, a qualidade do leitão também é melhor. Na propriedade, conta, há cerca de 600 leitões e 170 matrizes. ?A gente já vinha trabalhando com suinocultura. Com o programa, passei a dar mais ênfase à propriedade como empresa e ver que ela tem que dar lucro?, resumiu.