A volatilidade dos mercados financeiros e o impacto da desaceleração econômica no mercado imobiliário provocaram uma queda de quase 42% do total de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) emitidos de janeiro a abril deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Os números mostram ainda que, assim como no ano passado, apenas uma pequena parte dos CRIs emitidos foi distribuída para investidores.
Segundo levantamento feito por profissionais do mercado, o volume de CRIs emitidos de janeiro a abril caiu de R$ 5,59 bilhões no ano passado para R$ 3,22 bilhões este ano. Desse total, R$ 2,577 bilhões ou 80% foram remunerados pela TR (taxa de referência) que, de acordo com profissionais do mercado, indicam se tratarem de operações absorvidas pelos bancos.
O movimento contraria a tendência de expansão dos anos anteriores, em que os CRIs e outros instrumentos lastreados pelo setor imobiliário cresciam acompanhando a evolução dos estoques de imóveis e dos empreendimentos. O mercado questiona também o uso que os bancos têm feito do CRI para substituir empréstimos bilaterais tomados por empresas de vários setores, o quê, embora permitido, é interpretado como uso distorcido do papel.
O Banco Central exige que 65% dos recursos captados em depósitos na poupança pelos bancos sejam direcionados para operações de financiamento imobiliário, dos quais 80% para operações de financiamento habitacional no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação.
Jayme Bartling, diretor sênior de finanças estruturadas da Fitch Ratings, acredita que com a queda na captação da poupança, a distribuição de CRIs para o mercado aumente. “Mas isso não quer dizer que o volume ou número de operações possa superar 2014, porque o cenário de desaceleração econômica e alta do juro reduzem o apetite tanto do emissor, quanto do investidor”.
(Cynthia Decloedt)