Quatro dias antes do empresário Marcelo Odebrecht deixar a prisão em Curitiba (PR), depois de dois anos e meio detido, o patriarca do grupo Emílio Odebrecht tenta sinalizar ao mercado que as práticas da empresa mudaram. Nesta sexta-feira, 15, numa reunião em Salvador, na Bahia, ele pretende informar aos líderes do grupo a antecipação de sua saída da presidência do conselho, afirmou uma fonte ligada à companhia.

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Apesar de ter admitido casos de corrupção na empresa, o empresário foi autorizado, dentro do acordo de delação premiada, a permanecer na presidência até dezembro de 2018 para reestruturar os negócios do grupo. Agora, conforme apurou o Estado, esse prazo seria encurtado para o primeiro semestre do ano que vem. Uma fonte afirmou que inicialmente ficou definido o mês de abril para sua saída. Mas essa data pode ser negociada. Procurada, a Odebrecht não quis comentar o assunto.

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Desde que Marcelo foi preso, em 2015, a empresa implementou uma série de regras de conduta dos funcionários e transparência para tentar desassociar a imagem do grupo às práticas de corrupção, descobertas na Operação Lava Jato. Uma das primeiras providências foi colocar no conselho de administração profissionais de várias áreas do mercado. A saída de Emílio, antes do prazo, é mais uma medida nesse sentido. Não adianta fazer várias mudanças se as pessoas no comando da empresa continuam as mesmas, afirma uma fonte do grupo.

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Com a saída do conselho, o dono da Odebrecht ficará apenas na presidência da Kieppe, empresa pertencente à família Odebrecht e que controla a Odebrecht S.A. Na reunião desta sexta-feira, que começa pela manhã, o pai de Marcelo Odebrecht vai fazer um balanço das medidas adotadas pelo grupo e os resultados conquistados até agora. Também vai mostrar os próximos passos que serão adotados pelo conglomerado baiano para se manter vivo no mercado.

Segundo uma fonte, o planejamento deve incluir novos enxugamentos no quadro de funcionários e a venda de ativos. Desde que a Operação Lava Jato foi deflagrada em 2014, o império da Odebrecht não para de encolher. Quase 120 mil funcionários foram cortados e ativos de R$ 7,4 bilhões foram vendidos. A ordem é adequar as despesas às receitas, que só no ano passado caíram 13%.

Na construtora, DNA do grupo, o estoque de obras caiu de US$ 33,8 bilhões para US$ 15 bilhões neste ano – sendo que boa parte desse valor está no mercado internacional. A empresa também deve eleger alguns países para continuar trabalhando. Como o escândalo da Lava Jato alcançou quase todos os países onde a empresa atuava, em alguns locais o ambiente ficou difícil de trabalhar. A ideia é focar em nações onde a empresa tem obras em andamento e aqueles com grande potencial de crescimento, disse um executivo.

Desconforto. A saída de Marcelo Odebrecht da prisão tem causado um certo desconforto no grupo. A preocupação é que todos os esforços feitos até agora para tentar mostrar ao mercado a mudança de postura do grupo caiam por terra com a tentativa do executivo de interferir na administração. Desde a Lava Jato, a empresa foi obrigada a adotar uma série de estratégias para continuar de pé. Uma delas tem sido a troca de nome das empresas para desvincular os negócios da corrupção e também atrair novos sócios para aportar recursos.

A mudança de nome já ocorreu na Odebrecht Realizações Imobiliárias que passou a se chamar OR e na Odebrecht Agroindustrial que ganhou a marca de Atvos. Até a construtora procura um sócio e quer abrir o capital na Bolsa. Se for preciso, o nome da empreiteira poderá mudar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.