Um grupo de países em desenvolvimento pediu que o Brasil modifique a declaração proposta pelo Itamaraty para marcar a conferência ministerial que ocorrerá na quinta-feira em Genebra e convocada pelo chanceler Celso Amorim. O objetivo do encontro é tentar pressionar os países ricos a ceder para que um acordo seja fechado na Organização Mundial do Comércio (OMC). O problema, porém, que é que nem mesmo o grupo de países em desenvolvimento consegue chegar a um consenso sobre sua posição.
"Eu já deixei claro que não vejo uma união de interesses nesses países", afirmou Don Stephanson, mediador das negociações da OMC para o setor de produtos industriais. Ele admitiu que não se pode dividir o embate na Rodada Doha entre países ricos e países emergentes.
Em uma reunião preparatória realizada hoje, Chile, México, Tailândia e Peru pediram que o Brasil modificasse a linguagem do texto da declaração ministerial proposta. Esses países emergentes não querem que a declaração seja uma forma de fortalecer a posição do Brasil na busca por apoio por maiores flexibilidades nas negociações de produtos industriais.
Os países emergentes contam com uma posição relativamente unida em termos de produtos agrícolas e deverão aprovar na quinta uma declaração pedindo que os países ricos aceitem fazer novas concessões. De um lado, querem que os americanos sejam explícitos nos cortes que farão em seus subsídios agrícolas. Dos europeus, querem garantias de que as cotas que serão oferecidas para as exportações dos países emergentes representem de fato uma abertura de mercado.
O problema apareceu, porém, quando se tratou hoje da liberalização dos produtos industriais. Brasil, Argentina, Índia e África do Sul defendem que os países emergentes tenham o direito de manter certos setores protegidos e que tarifas de importação não sejam reduzidas de forma profunda. Por isso, querem a aprovação de uma declaração pelos ministros defendendo o direito de aplicar flexibilidades.
Já mexicanos, chilenos, peruanos e tailandeses não querem a citação na declaração. A sugestão é de que seja eliminado o termo. Se o Brasil insistir, a opção é de que não se fale em produtos industriais. O governo brasileiro prometeu rever o texto até quinta-feira.
