Emergência inclui setor automotivo

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Ministro Miguel Jorge: atividade econômica vai crescer.

Brasília – O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) listaram os cinco setores produtivos que receberão, em caráter emergencial, um tratamento diferenciado da política industrial desenhada pelo governo. Segundo o ministro Miguel Jorge, titular da pasta, os setores são os seguintes: têxteis e vestuários, calçados, móveis, automotivo e indústria naval.

 Para os três primeiros setores, intensivos em mão-de-obra, o Ministério da Fazenda estuda medidas de desoneração da folha de pagamento, que devem ser anunciadas no final deste mês. O BNDES, por sua vez, deverá criar linhas de financiamento de mais rápido desembolso. Para os setores de confecções e calçados, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) já determinou a elevação da alíquota do Imposto de Importação para o teto de 35%. Mas essa medida somente deve vigorar depois de aprovada pelos demais membros do Mercosul, em junho.

De acordo com Miguel Jorge, o setor automotivo foi incluído nesta lista ?emergencial? porque deverá atingir o topo da capacidade produtiva em 2008. A expansão das plantas automotivas depende de medidas de facilitação do ingresso de investimentos, que começam a ser estudadas pelo governo. ?Para o setor automotivo, chegar ao limite da capacidade produtiva é o fim do mundo. Os investimentos têm de ser estudados desde já?, afirmou o ministro.

Para a indústria naval, o governo pretende ampliar o programa atual, focado na construção de navios para a Transpetro, e incentivar a recuperação de estaleiros desativados, que seriam orientados para a construção de embarcações para o transporte de cabotagem.

Crescimento

Miguel Jorge declarou, ontem, que prevê o crescimento da atividade econômica do País entre 4,5% e 5,0% em 2007. A estimativa está em linha com a previsão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ontem, Mantega afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá apresentar expansão de 4,5% ou mais neste ano. Miguel Jorge, entretanto, destacou que suas estimativas não estão baseadas em relatórios e estudos econométricos, mas nas várias conversas que tem mantido com representantes de setores produtivos desde que assumiu o posto, no início de abril. ?Temos chances de crescer de 4,5% a 5,0%. Pode ser um pouco otimista, mas há sinais claros neste sentido?, afirmou.

China

O ministro defendeu que a concorrência de setores produtivos nacionais com a China preocupa muito mais o governo brasileiro do que a valorização cambial. Conforme afirmou, muitos empresários brasileiros queixam-se das dificuldades geradas pela taxa de câmbio apreciada, mas não concentram-se no problema essencial – a perda de fatias dos mercados interno e externo para os concorrentes chineses. Miguel Jorge lembrou que esses setores concorrem, muitas vezes, com produtos chineses subfaturados ou contrabandeados.

Mesmo com esse diagnóstico, Miguel Jorge afirmou que o ministério deverá rever para cima a meta de exportações para 2007, hoje fixadas em US$ 157 bilhões. Conforme explicou, essa revisão responderia ao cenário favorável para a economia mundial no ano, às novas expectativas para a safra de grãos e ao recorde de vendas ao exterior da indústria automotiva.

Miguel Jorge falou à imprensa logo depois de ter participado de um seminário sobre pequenas e médias empresas na embaixada da Itália. Naquele momento, ainda não tinha recebido a informação de que o dólar havia recuado a um valor menor que R$ 2. Questionado sobre a declaração do embaixador da China no Brasil, Chen Duqing, que receitou ao empresariado brasileiro competir mais e não reclamar, Miguel Jorge foi sintético: ?Prefiro não comentar. Afinal, é proibido trabalhar 16 horas por dia no Brasil?.

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