A ferrugem da soja, doença que provocou danos econômicos em cerca de 400 mil hectares, na safra passada, acaba de ser identificada, na safra 2002/2003, por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Itapeva, no Sul de São Paulo. “Isso significa que os esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi, que provocam a ferrugem já estão presentes no ar e podem ser disseminados para outras lavouras de soja do País”, alerta a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja.
Dificilmente observados antes da fase de maturação, os sintomas da doença podem ser facilmente visualizados nas folhas amarelas, na parte inferior das plantas. “A partir do florescimento, o produtor deve estar atento e fazer o monitoramento da lavoura constantemente”, aconselha.
A pesquisadora explica que a planta infectada pelo fungo apresenta minúsculas lesões (pequenos pontos negros) na folha. Além dessas lesões interferirem no processo de fotossíntese, o desenvolvimento da doença provoca amarelecimento precoce das folhas e sua queda prematura. “A desfolha interfere no enchimento do grão, o que acarretará em prejuízos à produção”, explica Cláudia.
De acordo com a pesquisadora, os fungos infectam a planta quando existe água na superfície da folha. Eles precisam de ao menos seis horas de água na superfície da folha para iniciar a infecção. Isso é possível nas noites de temperaturas amenas, onde há formação de orvalho ou quando ocorrem chuvas bem distribuídas. “No entanto, nas regiões em que o clima está seco e a temperatura elevada não há risco de aparecimento da doença”, diz.
O controle da ferrugem pode ser feito com produtos químicos disponíveis no mercado também usados para prevenir o aparecimento das doenças presentes no final do ciclo da cultura. A indicação da pesquisa é para a aplicação de triazóis, estrobirulinas ou misturas prontas desses produtos. “A aplicação deve seguir a dosagem indicada no registro do produto no Ministério da Agricultura, exposta na embalagem”, diz.
Facilmente disseminada pelo vento, a ferrugem da soja foi identificada primeiramente na Ásia e Oceania e há cinco anos atingiu o Sul da África. A doença foi detectada pela primeira vez no Brasil na safra passada, quando causou prejuízo aproximado de 10% em lavouras do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. Em Chapadão do Sul, um dos municípios do Mato Grosso do Sul mais prejudicados pela ferrugem da soja, houve quebra de 16% na produção.
Mais informações sobre a doença no Sistema de Alerta da Embrapa, disponível no site www.cnpso.embrapa.br.