O diretor presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, afirmou nesta terça-feira, 20, que a companhia prepara-se para uma “batalha importante”, ao referir-se à abertura, por parte do governo brasileiro, de um novo processo contra o Canadá na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa de subsídios concedidos pelo governo canadense à Bombardier.
“Estamos vendo o governo do Canadá com apoios maciços a uma empresa que está ou estava virtualmente em falência”, disse Souza, durante almoço com jornalistas, em São Paulo. “Apoios realmente vultosos, de bilhões de dólares, para socorrer uma companhia que não estava conseguindo se equilibrar no mercado.”
Na segunda-feira, 19, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou a abertura de processo na OMC contra o Canadá. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o governo da província de Quebec injetou US$ 2,5 bilhões na Bombardier este ano, ainda existindo indícios de que o governo federal canadense pretende fazer em breve um novo aporte significativo na companhia.
“O que nós vemos, hoje, é uma empresa que está utilizando os recursos dos contribuintes canadenses para realizar as suas vendas em condições econômico-financeiras que não são compatíveis com o custo de fabricação dos seus produtos, ou seja, desequilibrando o mercado”, avaliou o diretor presidente da Embraer.
Souza ainda ressaltou que a indústria aérea é “extremamente complexa” e apresenta ciclos longos, o que faz com que as vendas que deixem de ser concretizadas em função de condições desiguais de competição só possam ser realizadas novamente em 15 ou 20 anos, o que gera ainda mais preocupação em relação aos subsídios governamentais à Bombardier.
Quanto ao posicionamento do governo brasileiro, Silva afirmou que as autoridades sempre demonstraram apoio às reivindicações da Embraer. “O governo fez várias reuniões com o Canadá, mas não tivemos o resultado que esperávamos”, disse.