São José dos Campos (AE) – O presidente da Embraer, Maurício Botelho, afirmou que a primeira entrega do jato 195 para a companhia inglesa de baixo custo Flybe será feita em 1.º de agosto. Ontem, em cerimônia na sede da Embraer, em São José dos Campos (SP), o avião recebeu a certificação da agência nacional de aviação civil. Em breve receberá também a certificação das autoridades européias. O avião é o maior jato comercial já produzido no Brasil, com capacidade para 108 a 118 assentos.
Segundo Botelho, ele compete ?marginalmente? com o Airbus 318 e com o Boeing 737-600 (este último está para sair de linha). O executivo aproveitou para provocar a concorrência com empresas internacionais, afirmando que a companhia desenvolveu a nova família de jatos com quatro aviões (modelos 170, 175, 190 e 195) sem suporte do governo federal, ao contrário do que ocorre com outras fabricantes. Nos últimos dez anos, a Embraer investiu mais de US$ 2 bilhões na empresa, sendo 70% no desenvolvimento de projetos. ?Este é o quarto avião da família Embraer 170/190, programa que teve investimentos de um bilhão de dólares sem apoio qualquer dos governos, ao contrário das empresas concorrentes. Este projeto é a afirmação da indústria nacional no mundo?, afirmou.
O executivo salientou que o jato 195 tem 98% de equipamento em comum (comunalidade) com o jato 190, o que reduz custos de produção. Em discurso, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, afirmou que a Embraer já se tornou uma grande concorrente no setor aeronáutico, numa referência à competição com a Boeing e a Airbus. ?Essa aeronave vai fazer história, inclusive em relação aos grandes concorrentes?, disse.
O evento ocorre na mesma semana em que a Embraer perdeu uma importante negociação com a companhia aérea TAM, que escolheu a Airbus para a compra de 37 aeronaves que devem substituir sua frota de Forker100. Mas o presidente da Embraer tentou usar do bom humor para afastar o mal-estar causado pela decisão. ?Eu estava firme na negociação, determinado a fazer, mas talvez a TAM possa ter a resposta sobre sua decisão?, disse. ?A TAM explica sua decisão de competir com aviões acima de 144 lugares em nota divulgada à imprensa?, completou.
Ele nega também que o acordo não tenha dado certo por problemas de financiamentos. ?Essa foi uma definição de natureza estratégica da companhia aérea. O financiamento não foi o entrave.? Segundo ele, as linhas de financiamento para a compra de aviões brasileiros, por empresas brasileiras, receberam um incentivo neste ano. ?Hoje no mercado nacional há um esforço muito grande do governo federal e do BNDES que equacionaram programas de financiamento em reais a longo prazo, são 15 anos de financiamento em reais.?
Durante a cerimônia o BNDES assinou um acordo de intenções para ampliar a nacionalização do setor aeronáutico e distribuir financiamentos para pequenos e médios fornecedores. ?Fazemos um esforço grande para trazer as empresas fornecedoras da Embraer para o Brasil. Já foram criados dois mil empregos, mas é decepcionante a falta de incentivos fiscais e tributários?, disse o presidente da Embraer, Maurício Botelho, na abertura do evento.
O documento, com vigência de seis meses, foi assinado depois que o BNDES realizou estudos e concluiu que o Brasil precisa atrair grandes fornecedores internacionais de peças e equipamentos do setor aeronáutico para o fortalecimento da cadeia produtiva. O programa vai atuar em duas etapas. Na primeira vai mapear as empresas ligadas ao setor, suas deficiências e necessidades e na segunda etapa tentará viabilizar os acordos de financiamentos. De acordo com o presidente da Embraer, a fabricante acredita que clientes nacionais possam vir a adquirir aviões da companhia, utilizando essa nova linha de crédito do BNDES. ?Sou um otimista nato?, afirmou.
