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O embargo da Rússia à carne brasileira não será suspenso este ano, de acordo com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "Agora começamos a ter prejuízos", comentou ontem Rodrigues, sem citar valores. Tecnicamente, disse, os questionamentos do governo russo sobre o embargo foram respondidos, mas mesmo assim Moscou optou por manter a suspensão. A expectativa era de que a suspensão do embargo fosse anunciada até o fim da semana passada, o que não ocorreu.

Segundo o ministro, apesar de não ter ocorrido um comunicado oficial pela Embaixada do Brasil na Rússia, as informações obtidas pela iniciativa privada confirmam que o embargo será mantido. Ele disse que a missão de veterinários russos que visitou as principais regiões de pecuária de corte do Brasil em novembro ficou satisfeita com as informações fornecidas. E observou que as questões técnicas estão solucionadas e é preciso uma articulação política para pôr fim à restrição comercial. "A notícia de manutenção do embargo é muito ruim", salientou.

A Rússia suspendeu as compras de carne do Brasil em 21 de setembro, poucos dias depois de o governo anunciar o registro de um foco de febre aftosa – o segundo do ano – no município de Carreiro da Várzea, no Amazonas. Acordo fechado entre os dois governos permitiu o embarque dos lotes que já haviam sido contratados. Em novembro, pouco antes da visita do presidente Vladimir Putin ao Brasil, Moscou anunciou o fim da restrição comercial à carne de Santa Catarina.

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Custos

O ministro disse que a safra recorde de grãos em 2004/05, em fase de plantio, pode compensar a queda dos preços internacionais de algumas das principais commodities, como soja e milho. "Embora os preços dos grãos estejam em queda, o volume de produção na safra deve compensar esse recuo", afirmou Rodrigues, ressaltando que as exportações de café, suco de laranja, açúcar e álcool estão aquecidas. As vendas desses produtos também devem contribuir para manutenção do resultado da balança comercial agrícola em 2005. "É possível que o faturamento externo do setor agrícola no ano que vem não caia", afirmou.

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Rodrigues disse que os preços internacionais estão em queda, retomando padrões tradicionais. Nos últimos 3 a 4 anos, os preços ficaram muito acima da média histórica. Os custos de produção da atividade agrícola cresceram cerca de 12% na safra atual, disse o ministro. O levantamento foi feito em conjunto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pela Secretaria de Política Agrícola do ministério. Rodrigues disse que os custos de produção podem ter aumento, principalmente no caso da soja, porque os produtores terão de comprar agrotóxicos para o combate da ferrugem asiática.

Rodrigues reafirmou que o cenário em 2005 é desfavorável para a comercialização da safra agrícola de grãos e reiterou pedido de recursos para a política de apoio à comercialização. "Eu sou produtor rural e sei o que o endividamento geral produz para o agronegócio. Tenho alertado ao governo para a necessidade de medidas que antecipem e evitem o cenário de crise", afirmou.