A China surpreendeu o Brasil ao anunciar, na sexta-feira à tarde, embargo à importação de carne brasileira após os focos de febre aftosa detectados em Mato Grosso do Sul e no Paraná no ano passado. As restrições chinesas englobam carnes de bovinos e suínos de todo o País. No ano passado, os chineses compraram cerca US$ 8 milhões desses produtos.
O Ministério da Agricultura anunciou o novo embargo no momento em que o País recebe uma missão da União Européia, o maior importador de carne bovina brasileira, que veio verificar as medidas de combate à aftosa.
O ministro Roberto Rodrigues coloca esta visita como uma das prioridades do ano. A expectativa é que a UE suspenda as restrições às carnes de São Paulo e mantenha apenas os estados afetados (Mato Grosso e Paraná).
O Brasil também recebeu nesta semana uma visita do Giefa (Grupo Interamericano de Erradicação da Febre Aftosa), que veio conhecer as ações implantadas após a descoberta dos focos e debater formas de cooperação.
De acordo com o ministério, 53 países adotaram restrições a produtos brasileiros. Mesmo assim, o País registrou em 2005 recorde na exportação de carne bovina, com faturamento de US$ 3,25 bilhões.
Nenhum dos compradores retirou totalmente o embargo, mas aconteceram suspensões parciais.
O Peru liberou as importações de carnes bovinas e suínas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondônia, Acre e dos municípios de Boca do Acre e Guajará (AM). O embargo envolvia todo o País.
A Colômbia, que havia embargado as compras de todo o País, manteve restrições apenas para Mato Grosso do Sul e Paraná. Antes, a Argentina havia liberado a compra de carne suína do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O primeiro foco em Mato Grosso do Sul foi anunciado em 10 de outubro, mas o sacrifício dos animais (mais de 32 mil) só foi concluído na última segunda. O estado passa por recuperação da área e repovoamento de animais e pode ter o status de livre de aftosa com vacinação em seis meses.
No Paraná, o foco foi confirmado no dia 6 de dezembro, segundo o Ministério da Agricultura. Devido a disputa judicial, o sacrifício dos cerca de 1.800 animais da fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, ainda não aconteceu.