O ministro da Agricultura e Alimentos da Itália, Paolo De Castro, reafirmou que "existe um problema" em relação à Bresaola di Valtellina, um tradicional embutido italiano com selo europeu IGP (Indicação Geográfica Protegida, regulador de produtos alimentares) que usa carne desossada proveniente do Brasil em sua produção local.
Enquanto produtores brasileiros de carne bovina e compradores europeus aguardam que a Comissão Européia especifique quais empresas nacionais poderão continuar exportando o produto à União Européia (UE), De Castro disse que a fabricação do embutido "enfrenta um problema muito sério".
"Na área de produção do consórcio IGP Bresaola di Valtellina, precisamos destas 18 mil toneladas de carne desossada pronta para o preparo, com características que possam satisfazer os técnicos do IGP e que respeitem totalmente as regras européias", disse.
Para o ministro italiano, o problema deve ser avaliado com muita atenção, porque, "enquanto não se encontrar uma solução, não se poderá produzir [o embutido]", tradicionalmente feito em Sondrio (Lombardia, norte da Itália), entre os vales de Valtellina e Valchiavenna, ao pé dos Alpes.
"De nossa parte, faremos de tudo para conseguir que os produtores brasileiros respeitem as regras. Já a nossa missão feita no Brasil visava criar condições para importar animais vivos, já que importamos 1,5 milhão de cabeças francesas e alemãs que geralmente não conseguem satisfazer a demanda, além de caros e pesados", concluiu o italiano De Castro.
No final de janeiro, a UE suspendeu a importação de carne brasileira, depois que autoridades de ambos os países não chegaram a um acordo sobre o número de fazendas — e quais seriam elas — com permissão para exportar a carne bovina.
A UE restringiu o número de exportadores brasileiros para 300, mas o governo federal emitiu uma lista de mais de 2.500 produtores certificados (em vista do grande número de fazendas no Brasil, mais de 10 mil), o que gerou um impasse técnico e congelou a exportação da carne brasileira na prática.