Embaixador: País está isolado no comércio exterior

O Brasil está cada vez mais isolado no comércio exterior por não tomar parte na negociação de acordos de livre comércio com outros países. É o que pensa o embaixador Rubens Barbosa, que já ocupou a embaixada dos Estados Unidos e da Inglaterra. De acordo com ele, a nova tendência do comércio internacional é a de integração das cadeias produtivas entre diversos países, e não a de defesa do produto nacional, como, na sua opinião, o Brasil vem tentando fazer. Para Barbosa, essa é uma das razões do déficit na balança comercial brasileira de mais de US$ 6 bilhões acumulado de janeiro a abril deste ano.

“O comércio exterior está evoluindo. Não se trata mais de produzir e exportar bens. Está evoluindo para a integração de cadeias produtivas. O modelo tradicional é aquele no qual você investe no país, produz um bem e exporta para outro país. No comércio das cadeias produtivas, você investe no país para produzir um produto que se integrará na cadeia produtiva de outro local desde que você esteja de acordo com as regras desse acordo de livre comércio”, explicou o embaixador em palestra realizada nesta segunda-feira na sede do Insper, na zona sul de São Paulo.

“Neste momento há 545 acordos de livre comércio no mundo e o Brasil tem apenas três (Egito, Israel e Autoridade Palestina), não toma parte em outras discussões. Se você não faz parte desses acordos, você não exporta porque seus preços perdem competitividade com relação aos outros mercados que se abrem a (países que são) possíveis compradores. Assim, o Brasil está cada vez mais isolado. Isso já começou a afetar o comércio exterior do Brasil”, afirmou.

Na visão de Barbosa, o Brasil vem sendo penalizado pelo que chamou de “falta de estratégia de negociação comercial externa” e pela “dificuldade de integrar os países da região (América do Sul)”. “A integração comercial está ocorrendo em todas as partes do mundo. Na Europa, na Ásia, essa é a tendência e o volume de negociações em curso mostra isso. O Brasil dificilmente irá se beneficiar do comércio (internacional) se não se adaptar. O mundo está se multipolarizando, assim como as cadeias produtivas. Não há mais países que produzem de tudo em seus territórios”, afirmou.

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