Mesmo feliz com a vitória do embaixador Roberto Azevêdo na Organização Mundial do Comércio (OMC), a presidente Dilma Rousseff usou o telefonema de congratulações nesta terça-feira, 7, para adicionar uma pitada de cautela à euforia da vitória. Dilma pediu que ele use sua habilidade de negociador para construir uma gestão de consenso e evite que sua vitória se transforme em uma conquista dos emergentes, em uma política de “nós contra eles”. Azevêdo, apesar de ter conseguido maioria expressiva entre emergentes e países em desenvolvimento, é conhecido por ter ótimo relacionamento com todos os lados. Tanto que, mesmo tendo votado pelo mexicano Herminio Blanco, EUA e União Europeia avisaram que não teriam problemas com uma gestão do brasileiro.
“O embaixador Azevêdo teve muito apoio nos países em desenvolvimento, mas não deixa de ter no mundo desenvolvido. Houve uma dinâmica que envolveu Norte e Sul”, avaliou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. “A partir do momento em que assumir, deixa de ser um diplomata brasileiro e passa a ser comprometido com a agenda da organização.”
A Presidência da República soltou nota comemorando a eleição, mas tentou ser cautelosa sobre os efeitos que a mudança terá na OMC. “Ao apresentar o nome do embaixador Azevêdo para essa alta função, o Brasil tinha claro que, por sua experiência e compromisso, poderia conduzir a organização na direção de um ordenamento econômico mundial dinâmico e justo”, diz o texto. “Essa mensagem foi entendida por expressiva maioria e, por essa razão, agradeço o apoio que nosso candidato recebeu de governos de todo o mundo nas três rodadas de votação. Essa não é uma vitória do Brasil, nem de um grupo de países, mas da Organização Mundial do Comércio.”
Azevêdo será o primeiro diretor-geral de um país em desenvolvimento a cumprir um mandato cheio na OMC. Em 2002, o tailandês Supachai Panitchpakdi teve de dividir com o neozelandês Mike Moore a gestão da organização porque os países não chegaram a um nome aceitável para todos os lados. “É um resultado muito importante, que reflete uma ordem internacional em transformação, em que países emergentes demonstram capacidade de liderança.”
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou que a decisão foi boa para o Brasil, pela imagem do País, mas “melhor ainda para a OMC, porque Azevêdo era o melhor candidato”. Para as negociações comerciais brasileiras, Pimentel não vê impacto. “Ele não vai trabalhar pelo Brasil, mas pela manutenção das regras do comércio internacional e pelo aperfeiçoamento delas.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.