O roteiro original do encontro previa que os presidentes fossem ao sítio arqueológico de Maroteng, conhecido como Berço da Humanidade, mas a atividade foi cancelada. A exceção foi um jantar fechado a convidados, seguido do musical “O legado de Ubuntu”, ocorridos dentro do Montecasino, um complexo turístico. O local foi cercado por grades e com policiamento ostensivo, formado por agentes armados, grupos táticos e caminhões para controle de distúrbios civis, estacionados ao redor do centro de convenções e nos hotéis onde os chefes de Estado e de governo se hospedaram.

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A região de Sandton ainda passava por obras urbanas de pavimentação de calçadas ao longo do evento. O bairro é um reduto de negócios, com alguns dos imóveis mais caros do país. Concentra os hotéis mais luxuosos da cidade, além de restaurantes, sedes de multinacionais e instituições financeiras. Conforme o mais recente censo oficial, de 2011, o governo calculava que mais de 222 mil pessoas viviam na região, sendo que o perfil étnico distingue da maioria sul-africana. Em Sandton, 50% da população é branca.

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O polo oposto mais conhecido é Soweto, misto de bairro e favela que viveu um boom nos anos do apartheid, onde 98% da população de 1,2 milhão de habitantes é negra. Além de Mandela, lá viveu outro ganhador do prêmio Nobel da Paz, o religioso Desmond Tutu. Apesar dos esforços do governo em promover o turismo associado à imagem de Mandela, os chefes de Estado não foram ao bairro.

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As atividades do BRICS se desenrolaram na província de Gauteng, onde se concentra boa parte da classe média sul-africana. É a que mais contribui para o PIB do país – um terço do total. Gauteng sozinha tem um PIB equivalente ao de Marrocos – U$ 102 bilhões, conforme dados de 2016. O local concentra atualmente atenção e esforços políticos do presidente Cyril Ramaphosa e seu partido, o Congresso Nacional Africano.

Tour

Ramaphosa queria levar os colegas ao sítio arqueológico de Maroteng, onde foram encontrados e estão preservados fósseis de ancestrais humanos. Porém, houve resistências das comitivas, e o tour acabou cancelado. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o deslocamento também desagradava à comitiva brasileira, porque o trajeto levaria cerca de uma hora para chegar ao local. “As providências logísticas foram difíceis e não foi possível realizar esse plano”, explicou Ramaphosa.

Em substituição, o governo sul-africano improvisou a transmissão de dança tribal e exibição dos esqueletos fósseis ao vivo num telão dentro de um dos salões do centro de convenções. Não deu certo. O sinal de áudio e vídeo falhou por duas vezes, repetindo um mesmo trecho como um disco arranhado, o que causou constrangimento e obrigou Ramaphosa a encerrar a cerimônia antes da hora.

“Acho que já vimos o bastante para nossa mente imaginar e entender de onde viemos”, disse o sul-africano. Logo depois, os líderes dos cinco países gravaram suas mãos em blocos de concreto, que seriam levados depois para exposição no sítio arqueológico.

Segredo

O presidente Michel Temer escapou na tarde de quinta-feira, 26, e realizou uma visita não divulgada à Fundação Nelson Mandela. A visita foi reservada, mas era negociada há dias pela Presidência e o Itamaraty com a entidade. A sede e o centro de memória funcionam em Houghton Estate, também um bairro desenvolvido de Johannesburgo, reduto de judeus e muçulmanos.

A equipe da Presidência da República informava apenas que Temer havia se deslocado para o hotel onde se hospeda, enquanto o presidente passeava pela fundação e o centro dedicado à memória de Mandela. Nem todos os ministros acompanharam o presidente. No local, Temer encontrou-se com uma neta do ex-presidente sul-africano, a ativista social Ndileka Mandela, o CEO da fundação, Sello Hatang, e a ministra de Desenvolvimento de Pequenos Negócios, Lindiwe Zulu.

“É uma coisa emocionante. Eu recomendaria fazer uma visita, porque a história dele marca não só a África como o mundo todo e marcou muito o Brasil”, disse Temer a jornalistas ao retornar do tour.