Os trabalhadores do Sistema Eletrobras prometem realizar na próxima quinta-feira, 18, às 11h, uma passeata pelas ruas do Rio de Janeiro contra o atual processo de reestruturação da companhia e a proposta para o acordo coletivo deste ano. Os funcionários irão se reunir em frente à sede da holding federal, na Avenida Presidente Vargas, e marcharão até a Cinelândia através da Avenida Rio Branco, no centro da cidade.

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Nesta segunda-feira pela manhã, entre 50 e 100 funcionários do grupo, boa parte deles da área administrativa da holding, realizaram um protesto contra a atual administração da companhia. Durante o ato, as entidades sindicais criticaram o fato de a Eletrobras estar impondo aos seus empregados a conta dos efeitos negativos da Medida Provisória (MP) 579, a qual reduziu fortemente a geração de caixa dos ativos de geração e transmissão com as concessões renovadas. Os sindicalistas acusaram o governo federal de estar destruindo as empresas da Eletrobras, como Furnas e Chesf.

No ato, que contou com a participação de entidades como a Aeel, dos funcionários da Eletrobras, o Senge-RJ (ligados aos engenheiros) e o Sintergia-RJ (dos empregados de energia do Rio de Janeiro), os sindicalistas também exigiram a saída dos empregados contratados sob o regime do artigo nº 37 da Constituição. Esse artigo permite que cargos de confiança nas diretorias do grupo sejam preenchidos sem a realização de concursos públicos. Nos cálculos dos sindicatos, cada “funcionário artigo 37” custaria em torno de R$ 1,2 milhão ao ano aos cofres da estatal federal.

Greve

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Nesta segunda, os funcionários de todas as empresas do Sistema Eletrobras entraram em greve por tempo indeterminado. Os empregados da área de operação que começaram a trabalhar no turno da noite não serão rendidos. As equipes de manutenção também não saíram a campo para realizar os serviços de rotina nos ativos. Segundo o diretor da Aeel e do Sinergia, Emanuel Torres, entre 80% e 90% de trabalhadores do Sistema Eletrobras estão em greve. A força de trabalho do grupo é composta por aproximadamente 28 mil pessoas, número que será reduzido para algo próximo a 24 mil pessoas após o fim do Plano de Incentivo ao Desligamento (PID).

A greve ocorre em meio ao impasse nas negociações para o acordo coletivo de 2013. Enquanto a estatal federal propõe reajustar os salários pelo IPCA, que acumula alta de 6,7% nos últimos 12 meses, os sindicatos desejam o reajuste atrelado ao índice do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o que seria um aumento de 6,88%, mais 4,3 ponto porcentual relativo ao crescimento médio do consumo residencial nos últimos meses. “A Eletrobras nos ofereceu o reajuste pelo IPCA e disse que não poderia nos oferecer nada mais além disso”, afirmou.

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Além do reajuste abaixo do esperado, Torres disse que o acordo coletivo proposto pela Eletrobras prevê a retirada da anuênio aos novos funcionários. O anuênio garante um valor adicional pago nos salários anualmente por tempo de serviço trabalhado. “Somos contrários à retirada de benefícios dos trabalhadores. Ao retirar o anuênio, isso gera um clima ruim dentro da empresa porque cria duas categorias de empregados”, disse o sindicalista. As negociações entre as partes tiveram início em abril, mas estão paralisadas desde o dia 4 deste mês, quando a administração da estatal e os sindicatos estiveram reunidos pela última vez em Brasília.

Em paralelo à passeata marcada para quinta-feira, os sindicatos prometem continuar promovendo atos em frente à sede administrativa da Eletrobras todos os dias até que a administração da estatal reabra as discussões para o acordo coletivo de 2013. Mesmo depois das entidades sindicais terem anunciado, na semana passada, o início da greve a partir desta segunda, Torres afirmou que nenhum representante da estatal federal buscou os sindicalistas para negociar. O protesto ocorreu de forma pacífica e não chegou a atrapalhar o trânsito do centro do Rio.