Em Franca, no interior de SP, consumidores dormem em fila por liquidação

Quem passa pelo calçadão central de Franca, cidade do interior de São Paulo, se depara com cena que se repete há anos. Pessoas com cadeiras, barracas e até colchões formam uma fila em frente à loja central do Magazine Luiza. São consumidores à espera da liquidação iniciada pela rede varejista na cidade há 23 anos.

A promessa de descontos na sexta-feira, 8, de até 70% fez consumidores chegarem seis dias antes ao local. “Quero comprar um celular”, disse o estudante Brian Eduardo Silva, de 23 anos, um dos primeiros da fila. Segundo ele, é a chance de conseguir por R$ 500 – único dinheiro que tem – um bom aparelho.

‘Tudo o que puder’

A fila se forma porque o acesso à loja é por ordem de chegada, e quem entra primeiro tem mais chance de obter o produto pretendido. “Vou comprar tudo o que puder com o dinheiro que tenho. Cama, fogão, armário e até os brinquedos de Natal que meus filhos ainda não ganharam”, disse Marcione de Sousa Bueno, de 21 anos, o primeiro a acampar na porta da loja, no sábado.

Engraxate, ele mora no Jardim Luiza 2, bairro periférico da cidade, e espera mobiliar sua casa com os R$ 2,5 mil que conseguiu juntar com a ajuda da mulher, que é cabeleireira. Segundo a rede varejista, a loja de Franca foi a primeira das 780 unidades do País a registrar fila.

Para se manterem dia e noite no calçadão, alguns consumidores se revezam com parentes. É o caso do engraxate, que tem a ajuda da mulher, que fica em seu lugar para que possa ir em casa tomar banho. Já à noite ele dorme na fila em um colchão.

Para almoçar, alguns se dirigem ao Restaurante Popular Bom Prato, próximo à loja, que tem refeição por R$ 1. E quando não estão fazendo nada as pessoas da fila costumam se juntar em grupos para conversar ou jogar dominó, dama e outros jogos de tabuleiro.

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