Governo e empresários acertaram ontem que irão discutir juntos mecanismos para tentar reduzir o custo da energia elétrica. O aumento do custo da energia vem preocupando a indústria, porque afeta diretamente a competitividade dos produtos produzidos no País. ?Vamos formar um grupo de trabalho para discutir a possibilidade de reduzir encargos e tributos, de forma a fomentar a oferta de energia a um preço mais competitivo?, disse o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Mário Cilento.
Representantes da entidade estiveram reunidos com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e apresentaram a ele um estudo da Fundação Getúlio Vargas que faz um alerta sobre os riscos do aumento do preço da energia. Segundo o estudo, se o preço médio da energia elétrica subir 20,3% até 2015, como estima o Plano Decenal de Energia Elétrica elaborado pelo próprio governo, e se não houver redução de encargos no setor, o Produto Interno Bruto (PIB) deixará de crescer pelo menos nove pontos percentuais até 2015. Segundo a Abrace, hoje os encargos e tributos representam 51,58% da conta de energia. Em 2006, a arrecadação com esses encargos somou cerca de R$ 14,4 bilhões.
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, que também participou da reunião, disse que os empresários propõem fazer um trabalho conjunto para discutir a política energética do País. ?Para várias empresas, a energia é praticamente definidora da competitividade?, disse.
Ao sair da reunião com Rondeau, Cilento disse que o governo está disposto a estudar uma possível redução dos encargos. ?Boa parte das nossas preocupações são compartilhadas pelo governo?, disse o executivo. A Abrace também está preocupada com o avanço do parque termoelétrico na matriz energética do País, uma vez que a energia produzida pelas térmicas é mais cara do que a gerada pelas hidrelétricas.
Estudos da Abrace indicam que, se o governo decidir aumentar a oferta de energia por meio de térmicas, em vez de priorizar as hidrelétricas, o País terá um custo adicional em investimentos de R$ 71 bilhões até 2030. A defesa das hidrelétricas foi endossada pelo ministro Rondeau: ?Eles (Abrace) estão falando que o custo da energia está se elevando por causa da introdução da matriz térmica, e que seria desejável que houvesse maior participação das hidrelétricas. Essa é a tese que nós defendemos também?, disse o ministro.
