Brasília (AE) – Bancos centrais autônomos são menos sujeitos a pressões políticas para baixar os juros e produzir, dessa forma, um crescimento econômico maior do que o permitido pelas reais condições da economia. Esse foi o ponto defendido ontem pelo presidente do Banco Central do Chile, Vittorio Corbo, em debate na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A falta de autonomia, segundo o presidente do BC chileno, acaba por provocar um aumento da inflação e perdas de crescimento econômico.
Na opinião de Corbo, os bancos centrais autônomos são mais efetivos na busca de objetivos de inflação baixa. ?Esta maior efetividade é o resultado direto da interação entre uma maior credibilidade associada a menores pressões sobre o banco central, que condicionariam e limitariam sua ação?, disse. Ele ressaltou que as ações de um banco central com credibilidade afetam as decisões de curto prazo dos agentes privados e suas expectativas em relação ao comportamento futuro da autoridade monetária.
Ao falar sobre a experiência chilena, Corbo lembrou que o BC do Chile já tem autonomia desde dezembro de 1989. ?A autonomia marca o início de um período de significativos ganhos em matéria de (combate à) inflação. Mais ainda, depois de décadas de alta e volátil inflação, a economia chilena experimenta hoje um já prolongado período de inflações baixas e estáveis?, disse. Segundo ele, a inflação do Chile gira hoje em torno dos 3% e o país convive, ao mesmo tempo, com altas taxas de crescimento. Isto, de acordo com Corbo, tem permitido ao Chile reduzir de forma drástica os níveis de pobreza do país.
Num dia em que o Congresso estava mergulhado na crise política agravada pela denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), uns poucos senadores acharam tempo para assistir à palestra, que faz parte de um ciclo de debates sobre a autonomia do BC que, de certa forma, prepara o Senado para discutir a proposta – que, no entanto, não foi enviada pelo Executivo ao Congresso.
Os senadores Jefferson Peres (PDT-AM) e Romeu Tuma (PFL-SP) elogiaram o desempenho da economia chilena. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) perguntou como é a escolha dos conselheiros (equivalente a diretores) do Banco Central do Chile. Segundo o presidente do BC, os cinco conselheiros têm mandato de dez anos. A cada dois anos, um deles é trocado.
