Em concordata, Arapuã fecha as dez lojas no PR

A rede varejista Arapuã fechará suas dez lojas no Paraná. Até sábado, serão encerradas todas as lojas no interior – em Maringá, Cascavel, Londrina, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu – e três em Curitiba. Dois pontos de venda na capital continuam funcionando, mas também serão desativados em breve. Com o fechamento, 108 pessoas serão dispensadas no Estado.

Em concordata desde junho de 98, com dívidas beirando R$ 1 bilhão, a empresa anunciou ontem o fim das atividades na Região Sul, onde cinco das vinte lojas permanecem temporariamente abertas. Além das dez lojas do Paraná, a Arapuã tem duas em Santa Catarina e oito no Rio Grande do Sul.

Segundo a assessoria de imprensa da Arapuã, em São Paulo, a decisão de fechamento se deve à dificuldade de abastecer adequadamente as lojas na atual condição jurídica da rede. “A empresa em concordata não tem acesso ao crédito, por isso tem que adequar a estrutura de lojas à capacidade de compra à vista”, explicou o assessor de imprensa. Ele confirmou que o projeto da empresa é desativar todos os negócios no Sul, ressaltando que o término das operações não ocorrerá em etapa única. Porém a Arapuã não tem uma data prevista para finalizar as operações nos estabelecimentos que foram mantidos.

De acordo com o assessor, a opção em deixar o Sul do País foi uma questão de logística. “A operação no Sudeste e Nordeste é mais extensa, tanto em número de lojas quanto em faturamento”, alegou. Ao todo, 180 empregados serão demitidos no Sul. Em cada loja trabalham oito a dez funcionários, que foram avisados do fechamento há uma semana. Em todo o País, a rede emprega 1.600 pessoas.

Antes da concordata, a Arapuã chegou a figurar entre as três maiores redes varejistas de eletrodomésticos do País, com 264 lojas. Atualmente, é integrada por 148 pontos de venda, mas a partir da semana que vem esse número pode cair para 87, conforme informações divulgadas pela empresa. Continuarão abertas as lojas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe. Além das lojas fechadas no Sul, também haverá cortes em outros estados, mas a empresa ainda não tinha uma definição sobre os locais até ontem.

No Paraná, a maior parte dos imóveis ocupados pela Arapuã eram alugados. Nessa última semana de operação, a rede está promovendo uma liquidação de produtos. As mercadorias que não forem vendidas até sábado serão levadas para o estoque central da Arapuã em São Paulo. Se o estoque não durar até o final de semana, as lojas serão fechadas antes.

Batalha judicial

Apesar da Evadin – fabricante dos produtos Mitsubishi – já ter pedido a falência da Arapuã, 84% dos credores estão solidários com os Simeira Jacob, família que controla a rede. Entre os favoráveis à não decretação da falência, está a Semp Toshiba, maior credor da Arapuã e comissionária da concordata, com R$ 100 milhões a receber.

Do lado oposto estão dois grandes fornecedores: a Philips, com cerca de R$ 30 milhões a receber, e a Evadin, com montante de R$ 82 milhões. A Philips tenta executar as garantias que tem da Arapuã, inclusive pessoais de Jorge Simeira Jacob, fundador da empresa, e de seu irmão Caio. Desde 97, a Arapuã não publica balanços. A juíza Cláudia Longobardi Campana, da 6.ª Vara Cível de São Paulo, chegou a anunciar que decretaria a falência da empresa, caso a primeira parcela da concordata, de R$ 260 milhões, não fosse paga. Sem dinheiro, a rede de lojas entrou na Justiça tentando uma liminar que ao menos atrase a sentença final.

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