Ao mesmo tempo em que o emprego com carteira assinada ficou praticamente estável na Construção Civil ao longo de quase 11 anos, as ocupações por conta própria do setor apresentaram um importante aumento entre 2007 e o terceiro trimestre de 2018. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Trabalho compilados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e obtidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), mostram uma alta de 817 mil postos de trabalho por conta própria no período, enquanto o estoque total dos empregos celetistas cresceu apenas 39 mil no período.

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O trabalho por conta própria considera, por exemplo, os microempreendedores individuais (MEI), categoria que emite nota fiscal ao contratante e que, portanto, não tem a garantia dos direitos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias e décimo terceiro. Já o recolhimento de impostos e contribuições previdenciárias são de responsabilidade do profissional, configurando uma relação de trabalho menos custosa ao empregador.

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Conforme os cálculos da Fiesp, em 2007 haviam 3,211 milhões de trabalhadores por conta própria no setor de Construção. Já no terceiro trimestre de 2018, o número atingiu 4,029 milhões, representando um crescimento anual médio de 2,1%. “Em termos absolutos, a maior expansão se deu no segmento de construção, com 594 mil pessoas, ou 72,6% de novos empregados por conta própria”, apontam os responsáveis pelo levantamento da Federação.

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Considerando todos os segmentos, a parcela da mão de obra da Construção Civil que contribuiu efetivamente para a Previdência caiu de 51,9% no início da coleta para 50,3% ao final do período analisado.

Para o diretor-titular do Departamento da Construção e Mineração (Deconcic) da Fiesp, Carlos Auricchio, o crescimento dos profissionais por conta própria é um reflexo da situação econômica e seus efeitos sobre as atividades das empresas do setor. “Na construção, o volume de empregados com carteira assinada espelha as atividades nas construtoras e incorporadoras. São empresas formais, com tecnologia mais avançada e que investem continuamente em inovações para o aumento da produtividade”, ponderou.

“Durante a fase de crescimento do mercado, (as empresas) aumentaram a mão de obra de forma também expressiva, mas na crise ajustaram mais rápido e de forma mais intensa o emprego. As empresas formais sofreram mais com o corte de crédito e de investimentos públicos”, pontuou Auricchio.

Os empregados por conta própria, por sua vez, comentou o executivo, seriam autônomos com atuação um pouco diferente das empresas formais. “Trabalham em reformas, na manutenção de imóveis e na construção por autogestão. Esses mercados sofreram relativamente menos com a crise porque dependem menos de crédito e não são diretamente contratados pelos governos”, explicou o diretor da Fiesp.