O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconhece, na sua análise anual sobre o Brasil, que a nova equipe econômica anunciou importantes medidas de ajuste fiscal, mas diz que pode ser preciso fazer mais para atingir as metas. Além disso, a instituição defende que a meta de superávit primário para a partir de 2016, definida pelo governo em 2% do PIB, seja elevada em 0,5 ponto porcentual, para 2,5%.

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“A meta de superávit primário de 2,0% do Produto Interno Bruto (PIB) começaria a reduzir a dívida pública no nosso cenário macroeconômico central; mas elevar a meta de 0,5 ponto porcentual ajudaria a colocar a dívida pública em uma trajetória de queda mais firme, ao reduzir mais rapidamente os gastos com juros e aumentar a resiliência a choques e potenciais riscos fiscais”, diz o texto.

O FMI alerta para o fato de que mais medidas seriam necessárias para garantir o cumprimento da meta de superávit de 1,2% do PIB este ano, mas o grosso do estudo foi feito em dezembro do ano passado e assim não reflete inteiramente medidas mais recentes anunciadas pelo governo. O Fundo sugere a reversão de medidas de desoneração, que além de elevar receitas ajuda a reduzir distorções e promove uma igualdade horizontal.

A instituição comenta ainda que concentrar o ajuste fiscal no corte de gastos pode ajudar a reduzir o impacto na economia. Além disso, seria importante manter ou mesmo elevar os investimentos. “No futuro, resolver a rigidez orçamentária e gastos relacionados com o envelhecimento da população é essencial para reduzir a dívida e construir espaço de manobra fiscal”, aponta o documento.

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Fazem parte ainda das recomendações do FMI a criação de uma estrutura institucional de médio prazo que consolide as metas e políticas fiscais. O Fundo diz também que o estabelecimento de um conselho fiscal independente ajudaria a aumentar a responsabilidade e transparência. “Melhorar a transparência das contas públicas e rever a força das estruturas de governança nas empresas estatais é essencial”, afirma o relatório, citando as irregularidades descobertas na Petrobras.

Segundo o FMI, as autoridades brasileiras dizem que modificar a fórmula de correção do salário mínimo não é uma necessidade urgente, já que o modelo atual implica em aumentos modestos no valor real do salário mínimo nos próximos três anos.

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Resposta

Na resposta do Brasil às recomendação do FMI, assinada pelo representante do País junto ao Fundo, Paulo Nogueira Batista, há o argumento de que a sugestão de elevar a meta de superávit primário a partir de 2016 não é inteiramente convincente. Segundo ele, a consolidação fiscal planejada já é muito forte, representando mais de 3 pontos porcentuais do PIB em apenas dois anos. “Além disso, a estimativa da equipe do FMI sobre o ajuste planejado é ainda maior se a política de crédito for incluída no cálculo do resultado primário estrutural. Além disso, o Banco Central já tem adotado e continua a adotar um aperto monetário significativo. Tudo isso sendo feito em um cenário de crescimento fraco”.