Os únicos sinais dos efeitos da crise internacional sobre as vendas do varejo em outubro estiveram concentrados no segmento de veículos e motos, partes e peças, observou o técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira. Essa atividade, que faz parte do chamado comércio varejista ampliado (que inclui também o segmento de construção), mostrou queda de 19,9% nas vendas em outubro ante setembro e recuo de 7,3% ante outubro do ano passado.
Segundo Pereira, essas quedas refletem a desconfiança do consumidor diante da crise, além da redução nos prazos de financiamento por causa da menor disponibilidade de crédito para o setor. No entanto, ele ressaltou que, com as recentes medidas governamentais de redução do IPI para automóveis, é possível que o resultado negativo seja revertido nos próximos meses.
O resultado do comércio varejista do IBGE, que mostrou uma alta de 10,1% nas vendas em outubro ante igual mês do ano passado não inclui, no cálculo, as vendas de veículos, que são parte do varejo ampliado. Os resultados do varejo ampliado incluem todas as atividades pesquisadas no dado oficial do comércio, além de veículos e construção. Em outubro, o aumento nas vendas do varejo ampliado foi de apenas 3,7% ante igual mês do ano anterior, muito inferior à alta apresentada no varejo não ampliado, por causa da influência negativa dos veículos.
Pereira disse que “ainda não é possível afirmar” que o resultado negativo nas vendas do varejo em outubro ante setembro (-0,3%, após sete meses de crescimento) tenha alguma relação com a crise internacional. “Pode ser um recuo pontual, temos que aguardar”, afirmou. Segundo ele, as medidas de estímulo ao consumo que estão sendo tomadas pelo governo poderão impedir efeitos mais fortes da crise sobre o varejo.
Pereira argumenta que o aumento de 10,1% nas vendas em outubro ante igual mês do ano passado, o melhor resultado para um mês de outubro apurado pelo IBGE desde o início da série da pesquisa, em 2001, mostra que o varejo ainda prossegue com as vendas aquecidas, impulsionadas pelo aumento da renda e do emprego e pela forte expansão da economia até o terceiro trimestre de 2008.
Segundo Pereira, “o emprego e a massa de salários ainda não foram afetados pela crise então, como mostra a pesquisa, pelo menos até outubro as pessoas estavam consumindo”.
