Apesar de estar esperançoso de que o governo retirará a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre o capital estrangeiro, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou hoje que o governo ainda não fez nenhuma sinalização neste sentido. “Já perguntei ao ministro (da Fazenda, Guido Mantega) mas ele não move nenhum músculo do rosto quando faço esta pergunta”, disse, em tom bem humorado, após participar do seminário Reavaliação Risco Brasil 2009, em São Paulo.
Segundo ele, a cobrança de IOF sobre as operações de emissão de recibos de depósitos em ações (Drs, na sigla em inglês) reduz a assimetria entre as ações adquiridas no Brasil e os ADRs, mas ainda não é possível avaliar o impacto da medida. Além de estudar a questão, a BM&FBovespa também está avaliando as arbitragens, que podem ter sido afetadas pela medida. Mesmo assim, ele afirmou que a decisão do governo sobre as DRs “alimentou as esperanças” de que as operações de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e follow on sejam liberadas do imposto. “O governo sabe que através deste mercado as empresas pequenas e médias têm alternativas de captar recursos mais baratos”, disse.
O executivo afirmou que a relação entre a Bolsa e o governo é “muito boa” e que o governo sempre esteve aberto ao diálogo. “Sempre que possível apresentamos dados ao governo”, afirmou. Questionado sobre a suspensão da abertura de capital da Brazilian Finance & Real Estate (BFRE), Edemir Pinto disse que a decisão da empresa não foi relacionada ao IOF, como ocorreu com a Cetip. “Os investidores analisaram a medida e o mercado já está precificando”, disse.
A expectativa da instituição é de que o IOF sobre IPOs seja extinto com rapidez, porque muitas ofertas devem ocorrer no primeiro semestre de 2010. Antes da crise, existiam 45 empresas com processo de abertura na Bolsa. “A grande maioria está pronta para ir a mercado em 2010”, afirmou. Em sua opinião, a valorização da Bolsa é sustentável. “Não vejo nenhuma bolha”, disse.