A Petrobras deveria ser privatizada e o modelo adotado poderia ser o usado com a Vale, com a entrada dos fundos de pensões. A opinião é do estrategista e economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Paulo Gomes. “Se de repente o governo chegasse a 40% do capital da estatal, a fatia valeria mais que os atuais 51%, já que com a privatização haveria mais investimentos e busca por maior produtividade”, disse em mesa redonda “O desafio econômico do Brasil na era Temer” com jornalistas.

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Ele discorda em realizar IPOs de subsidiárias da estatal ou mesmo a venda de alguns ativos. “Privatizar a Petrobras em fatia vale menos do que o bolo todo. Poderia ser feito algo semelhante do que aconteceu na Vale, com a entrada dos fundos. Mas isso só depois da redução de Selic no País”, disse.

A privatização da Petrobras, juntamente com as concessões em infraestrutura, é uma das medidas que o especialista avalia em aumento de arrecadação de receita para diminuir o rombo fiscal e atração de investimentos para o País. Ele acha difícil aprovar o aumento da alíquota da Cide, uma vez que a Petrobras é prejudicada, e também não acredita na volta da CPMF.

“Lembramos que nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no auge de sua popularidade e com Aécio Neves apoiando se aprovou a CPMF. Não acredito na volta dela nem para 2016 nem para 2017”, declarou.

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Sobre as medidas anunciadas no governo de Michel Temer, Gomes reiterou que os esforços são necessários, positivos, mas ainda insuficientes, correndo risco de que o rombo fiscal em 2016 seja maior do que os R$ 170,5 bilhões. Para ele, o presidente em exercício não terá dificuldades em aprová-las no Congresso.

“Temer é um dos leões sobreviventes da política brasileira nos últimos 20 anos. E ele tem sido conciliador no seu discurso, tem sido hábil politicamente. Podem criticar que a sua equipe ministerial é política, mas ela é necessária para maior articulação no Congresso”, falou.

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Para o especialista, um maior investimento direto no Brasil esbarra na questão do grau de investimento. “Ainda que a entrada de Temer tenha melhorado as expectativas, há o fator da perda dos graus de investimento, que deverão ser recuperados somente depois de 2018, além de os investidores verem as medidas passarem de ‘discurso’ para ‘concreto'”, disse.

Especificamente sobre a renegociação de dívida dos Estados, a maior preocupação para o especialista é o dano moral. “É a meritocracia ao contrário. Acho que Temer não será tão flexível nessa renegociação no sentido de não perdoar dívidas. Ele poderá negociar prazos. O investidor também está de olho nisso”, ressaltou.