A economia mundial manterá sua expansão pelo quinto ano consecutivo em 2007, com um crescimento total da produção estimado em 3,4%, segundo projeções da Unctad (órgão da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) divulgadas hoje em seu relatório sobre o Comércio e o Desenvolvimento 2007.
Os países em desenvolvimento, entre eles, alguns dos mais pobres continuarão sendo beneficiados pela forte demanda de produtos básicos. "A tendência positiva registrada na relação de intercâmbio, desde 2003, tem permitido a muitos países em desenvolvimento de todas as regiões melhorar sua balança exterior e seu equilíbrio fiscal e aumentar o investimento em suas economias", destaca o relatório divulgado em Nova York.
O documento também diz que o panorama não tinha sido tão benéfico para este grupo de países desde o início da década de 70. "O produto interno bruto (PIB) per capita dos países em desenvolvimento aumentou quase 30% entre 2003 e 2007, em comparação com 10% registrado pelo Grupo dos Sete (G-7) países altamente industrializados", ressalta.
A Unctad também afirma em nesse ano, dos 143 países em desenvolvimento, menos de 10 terão seus ganhos reais per capita diminuídos. Segundo o estudo, a China e a Índia estão marcando uma vez mais a pauta de crescimento no mundo em desenvolvimento e, com suas elevadas taxas de investimento, é provável que essa tendência se mantenha pelos próximos anos.
Crise nos EUA
Em sintonia com as advertências mundiais sobre os riscos de uma recessão nos Estados Unidos, a Unctad alerta sobre essa probabilidade, o que "poderia provocar uma redução drástica do volume das exportações destes países". Dentro das projeções do relatório, "o crescimento econômico da África se manterá em torno de 6%, enquanto que o da América Latina e Ásia ocidental se reduzirá ligeiramente e se situará em aproximadamente 5%".
O levantamento destaca que o crescimento de todas essas regiões nos cinco últimos anos cria expectativas de progressos significativos para alcançar os objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODM), embora em alguns países, o aumento dos ganhos per capita continua sendo inferior ao necessário para atingir os objetivos de redução da pobreza previstos nos ODM.
Diferenças
De uma maneira geral, apesar desta tendência favorável, a brecha nas condições de vida entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento continuam sendo enormes, como destaca o relatório. "Em 1980, o ganho per capita nos países desenvolvidos era 23 vezes superior ao dos países em desenvolvimento. Em 2007, essa margem baixou para 18. No entanto, essa redução obedeceu exclusivamente ao rápido crescimento de Ásia oriental e meridional. No que diz respeito à África, América Latina, Ásia ocidental e às economias em transição, em 2007 as diferenças relativas são maiores que em 1980", afirma a Unctad.