A expansão do emprego formal este ano levou ao enfraquecimento da economia informal, que é a produção de bens e serviços não reportada ao governo de forma deliberada. O Índice de Economia Subterrânea divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) deve atingir em torno de 17,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, o mais baixo porcentual desde 2003, e inferior ao de 2010 (17,7%). Isso representou um recuo de 1,1% na fatia deste segmento no PIB em 2011 contra 2009 – quando a participação era de 18,5%.
O dado sinaliza modificação expressiva. A série da pesquisa, iniciada em 2003, apontava em seu começo participação de 21% da economia informal no PIB. “Observamos uma queda gradual da economia informal do País”, afirmou o pesquisador do Ibre/FGV, Fernando de Holanda Barbosa Filho. O especialista explicou que a fatia referente a 2011 é uma projeção, visto que o ano não acabou e os resultados macroeconômicos apurados pelo IBGE ainda não foram completamente divulgados. As estimativas foram feitas com ajuda da série da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do instituto.
Mesmo com a perda de espaço no PIB, em recursos a economia informal tem movimentado valores cada vez mais altos. Isso, na prática, é coerente com a própria expansão da economia desde 2003. Em reais a preços de 2010, ou seja, sem corrigir os efeitos da inflação no período, este ano, as cifras da economia subterrânea devem ter atingido R$ 613 bilhões. Embora abaixo do número para 2010 (R$ 651 bilhões), o número é superior ao montante registrado em 2003 (R$ 571 bilhões). “Mas em valores correntes (com correção da inflação), a economia subterrânea pode ter alcançado R$ 653 bilhões este ano”, explicou.
Barbosa Filho observou que o desempenho confirma trajetória de aumento da renda do brasileiro, impulsionada por bons resultados de emprego. A perspectiva de acesso ao crédito funciona como um atrativo para o trabalhador informal regularizar sua situação, na análise do pesquisador.