O encontro dos líderes do G-8 (as sete economias mais industrializadas e a Rússia) e das economias emergentes estampou o dilema gerado pela proliferação de agrupamentos mundo afora. Em L’Aquila, o G-5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul) não conseguiu se fundir com o G-8 para a criação de um grupo “mais representativo” – um G-13, ou um G-14, como teimou a anfitriã Itália, que pretendia enxertar também o Egito. O G-8, por sua vez, fez todo o esforço para ofuscar a liderança do G-20 na condução de uma saída para a crise internacional e para a definição de uma nova arquitetura econômica. Mas sem obter sucesso.

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No documento final do encontro entre o G-8 e o G-5, os líderes optaram por “reequilibrar” o mecanismo de diálogo entre os dois grupos, definido em 2007 no encontro de Heiligendamm, na Alemanha. De acordo com a embaixadora Vera Machado, subsecretária do Itamaraty para Assuntos Políticos, isso significa, na prática, que o G-5 terá cacife para negociar com o G-8 a agenda de seus encontros anuais – em vez de recebê-la pronta, como vem acontecendo nos últimos anos – e a criação de uma copresidência para esse mecanismo, que se tornará permanente. “O G-5 poderá se reunir em pé de igualdade com o G-8”, disse a embaixadora.

A igualdade real pode parecer uma ilusão. Mas, de fato, pode eliminar algumas das situações constrangedoras às quais o G-5, como convidado do G-8, foi exposto nos últimos dois anos. No mesmo encontro de Heiligendamm, o G-8 ignorou as posições do G-5 sobre temas como a liberação dos investimentos diretos, a quebra de patentes em casos de emergência de saúde pública e a redução da emissão de gases poluentes. No seu documento final, deu a entender que o G-5 concordava com suas posições. No ano passado, em Hokkaido, no Japão, o G-8 convidou o G-5 para tratar da mudança climática, quando já tinha fechado e divulgado sua posição sobre o tema no dia anterior.

Na sua reunião de ontem, o G-5 preferiu se formatar como uma nova frente formal de países e, para tal, já marcou um encontro reservado às vésperas da cúpula do G-20 em Pittsburgh, nos Estados Unidos. O G-5, entretanto, não será mais que a sobreposição de grupos de economias emergentes que já existem e que envolvem o Brasil – o Foro Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) e o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A diferença é que, no G-5, sai a Rússia e entra o México. A rigor, trata-se da proliferação de “grupos” criticada, contraditoriamente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem.

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Nesta cúpula de L’Aquila, o G-8 tratou insistentemente dos temas econômicos, espremido entre o consenso do G-20 em Londres, em abril passado, e dos resultados esperados do encontro marcado para setembro, em Pittsburgh. Mas o seu documento final sobre o tema, em L’Aquila, não foi além das recomendações feitas pelo G-20 e por outros organismos internacionais, como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O grupo acabou por reconhecer que poderá sobreviver, desde que se concentre em questões relevantes que estão na periferia dos grandes temas econômicos, como a segurança alimentar.