O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, na 36ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que a economia brasileira estava tão mal em 2002 que ele chegou a ter medo de disputar as eleições. “O Brasil estava tão quebrado, com números tão negativos, que eu pensava que aqueles companheiros que me indicavam para concorrer eram meus inimigos. Eu pensava: ‘Como vou governar um país que não tem conserto?'”, disse.
Segundo ele, no entanto, esse pessimismo inicial o ajudou a encarar com mais disposição os desafios que a economia brasileira enfrentou nos últimos oito anos. Ao elogiar o conselho criado para o debate com a sociedade civil, Lula disse que esse mesmo modelo deve continuar no governo da presidente eleita, Dilma Rousseff.
Milagre econômico
O presidente disse ainda que “o milagre” do atual momento econômico é resultado de um trabalho do governo de responsabilidade e previsibilidade. Em seu discurso, Lula afirmou que nos oito anos de mandato não tratou a economia como mágica e elogiou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Talvez, Guido, você pode passar para a história como um dos ministros da Fazenda que não deixarão esqueletos… Porque vai ser o próprio sucessor”, disse Lula, arrancando risos da plateia. Mantega já foi confirmado ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff.
Lula lembrou de planos fracassados de combate à inflação de governos anteriores, como o Plano Verão. Lula contou que, em 1989, quando o então ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, lançou o Plano Verão, estava com um grupo de aliados no Chile e voltou correndo para o Brasil, porque achava que o plano seria uma “catástrofe”.
“Hoje estamos pagando esqueletos daqueles planos, porque havia o hábito de tratar a economia como se fosse uma questão de mágica. Era uma coisa maluca. E a gente começou a dizer que no nosso governo não teria mágica em política econômica, porque trabalharíamos com responsabilidade e previsibilidade”, disse.
Lula destacou também a importância do conselho que, segundo ele, o ajudou nas decisões nas áreas econômica e social. “Este foi o milagre deste país. Ao invés de governar, cuidar; ao invés de tratar a sociedade como se soubéssemos de tudo, ouvir. É o governo com orelha mais caída de tanto ouvir”, completou.