Economia dá sinais de ?reaquecimento?

Mais um sinal de que a economia parou de encolher, ou de derrapar. O fluxo de veículos e caminhões nas estradas brasileiras voltou a crescer em novembro, depois de dois meses de queda. No mês passado, o movimento de carros e de veículos pesados nas rodovias subiu 2,8% em relação ao mês de outubro.

O índice, divulgado pela ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias), já desconsidera os movimentos típicos do mês, ou, no jargão dos economistas, já foi dessazonalizado. O aumento indica retomada da atividade econômica. Como as vendas de embalagens, o consumo de energia e o resultado da indústria automotiva, o fluxo de veículos é considerado um bom indicador antecedente do nível de atividade.

Nas montadoras

Nesta semana, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) já havia divulgado alta expressiva na produção do setor, que cresceu 12% em relação a outubro, com a produção chegando a 213,5 mil unidades. ?A produção da indústria automotivas é um indicador importante pelos impactos que ela tem em outros setores. Ela empurra (os setores de) aço, plástico, autopeças?, diz Fábio Silveira, da MS Consult.

Silveira diz que a economia brasileira saiu do ?centro de gravidade? do último aperto monetário levado a cabo pelo governo. A alta de juros, diz ele, exerceu o maior impacto justamente no terceiro trimestre. Agora, ainda que não o suficiente para compensar a queda do terceiro trimestre já neste ano, a economia volta a se expandir. ?A produção industrial deve fechar em 3,5% ou 4%. Não é um desempenho bom, mas, na ponta, deixamos para trás o efeito mais nocivo da política monetária restritiva?, completa ele.

Os dados da ABCR, elaborados em conjunto com a Tendências Consultoria, sugerem que o resultado da indústria de automóveis não ficou restrito apenas ao setor. Subiram tanto o tráfego de veículos leves quanto o de pesados. No caso de carros, a alta em relação a outubro foi de 2,1%, o movimento de veículos de carga subiu 2,4%, mostra a pesquisa.

O movimento nas estradas tem uma correlação forte com o nível de atividade. Justamente por isso, é considerado um bom indicador do que pode ter ocorrido em novembro na indústria e na economia em geral. A avaliação de Roberto Padovani, da Tendências, é que o aumento do fluxo de veículos indica que a economia ?entrou em um processo de reaquecimento?, e ?está em uma trajetória de crescimento?.

Caso confirmada a recuperação, 2005 será um ano atípico para a indústria e para a economia brasileira em geral. Normalmente, os pedidos do comércio para o Natal chegam ao setor industrial no início do terceiro trimestre, período em que há pico da produção do setor. Neste ano, o pico provavelmente ocorrerá nos dois últimos meses do ano, e a indústria deve entrar 2006 com o pé no acelerador, geralmente o contrário do que ocorre na maior parte dos anos. ?Teremos um ciclo diferente, bem atípico?, comenta Silveira.

O primeiro trimestre de 2006, afirma o analista da MS Consult, começará com juros em queda, massa salarial ainda em alta e continuidade da tendência de aumento do crédito, bem como de certo alargamento no prazo dos empréstimos.

?Não é um céu de brigadeiro, longe disso, mas certamente é um cenário positivo?, completa o analista da MS Consult.

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