O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, afirmou hoje que a economia brasileira vive, no momento, um cenário de novo ciclo de expansão. Hoje, ele fez um retrospecto das palestras realizadas durante o 13º Seminário de Metas de Inflação, promovido pelo Banco Central (BC) no Rio de Janeiro. Na palestra de encerramento, Hamilton Araújo destacou que o evento ocorre em um momento de um novo ciclo de expansão na economia brasileira. Ele lembrou que, no ano passado, o seminário ocorreu quando a economia brasileira ainda sofria alguns efeitos da crise global iniciada em 2009. “Creio que o que ocorreu nos anos de 2009 e de 2010 na economia brasileira, devido à crise, será tema de muitos debates nos próximos anos”, comentou.
Após o seminário, Hamilton foi questionado sobre as palavras do diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre, durante o seminário, alertando para consequências negativas de um boom na economia latino-americana. “Ele (Eyzaguirre) ofereceu diversos alertas, de que existem riscos de cauda (os chamados ‘tail risks’, que são riscos de qualquer cataclismo financeiro cuja chance de acontecer seja inferior a 1%), os quais não estamos olhando muito no dia a dia, mas que de vez em quando eles aparecem, se manifestam”, lembrou.
Entre os riscos de cauda lembrados pelo diretor do BC, que foram citados pelo Eyzaguirre no evento, estão a questão fiscal dos Estados Unidos e a possibilidade de reversão nos preços das commodities (matérias-primas). Hamilton Araújo acrescentou que o diretor do FMI alertou que o mundo hoje convive em um ambiente complexo, com riscos de cauda razoavelmente bem identificados, e que, na avaliação de Eyzaguirre, seria importante estar atento a eles, que tornam o ambiente macroeconômico “bastante desafiador”.
“Outro ponto para o qual ele chama atenção foi esta questão falando especificamente da América Latina, que vive em um boom nos últimos dez anos, mas que a política fiscal deve sim ser contida, neste boom, e não contribuir para alimentar este boom”, lembrou. Mas o diretor do BC se recusou a detalhar sua postura, e a postura do BC, em relação ao tema e às palavras do diretor do FMI. “É a opinião dele. Temos que respeitar”, limitou-se a responder.