Foto: Arquivo/O Estado |
![]() |
Henrique Meirelles: sem inflação e crises cambiais para impedir o crescimento. |
A economia no Brasil registrou um crescimento pouco acima de 2% nos últimos 25 anos e ficou na última colocação de um grupo de dez países emergentes no período, mas deverá crescer este ano 4% e acumular uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) média de 3,7% ao ano entre 2004 e 2006. Os dados fazem parte de apresentação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, feita ontem no Wharton Global Alumini Forum, evento em comemoração aos 125 anos da Wharton School, Escola de Administração da Universidade da Pensilvânia, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
Durante a apresentação, Meirelles destacou avanços que o País vem conseguindo na área macroeconômica, como o controle da inflação, avanço das exportações e redução da relação dívida líquida sobre o PIB. Logo após a apresentação, Meirelles seguiu direto para a sede do BC no Rio, onde ocorria um seminário sobre o regime de metas de inflação, considerado por ele um dos eventos internos mais importantes do banco no ano.
Segundo Meirelles, no passado, toda vez que o Brasil crescia mais fortemente, esbarrava em limitações como crises cambiais e a própria alta de inflação. Alguns dos obstáculos também eram o desequilíbrio das contas externas e o déficit de conta corrente. Meirelles argumenta que a estabilização econômica permitiu ao Brasil caminhar na direção de crescimentos mais fortes, mas indicou que ainda há desafios a serem enfrentados, como o nível da taxa de investimento no País.
Ainda segundo os dados apresentados por ele, a taxa de investimento do País está em torno de 20% sobre o PIB, o que coloca o Brasil na nona posição de um grupo de países emergentes selecionados. Meirelles pondera, contudo, que a taxa vem crescendo gradualmente nos últimos anos.
País está preparado para resistir a choques
O início do período de aversão a risco em junho e as reações dos indicadores brasileiros comprovaram que tem havido um aumento da capacidade da economia brasileira a resistir a choques, segundo o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua.
?O que era uma suspeita nos últimos anos se confirmou?, disse o diretor, ao abrir ontem o 8.º Seminário de Metas para Inflação, na sede da instituição no Rio. De acordo com ele, o movimento de aversão ao risco foi mais sentido nos títulos indexados a preços, como as NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Série B), ?que ainda tem baixa liquidez?.
Ele voltou a afirmar que, a partir de 2004, o mercado passou a prever com maior precisão as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo o diretor, ?os bons resultados? no combate à inflação vêm não só da política monetária, mas também ?da mudança significativa na política fiscal? desde o fim dos anos 90s e do câmbio flutuante.
Bevilaqua defendeu o regime de câmbio flutuante (oscila sem a intervenção do governo), que ?tem funcionado como se esperava que funcionasse em nosso País: como mecanismo de absorção de choques?. Na ocorrência de choques, ?a moeda local se desvaloriza quando as coisas melhoram, ela se aprecia?, afirmou.
Ele observou que houve um grande aumento das exportações nos últimos anos, o que contribui para a valorização do câmbio. ?De janeiro de 2004 para cá, o Banco Central já adquiriu US$ 40 bilhões em reservas.? Bevilaqua também observou que o prêmio de risco Brasil diminuiu em relação à media dos países emergentes.
