IBC-Br

Economia brasileira cresceu 7,8% no ano passado, revela BC

A economia brasileira cresceu em torno de 7,8% no ano passado, mas já rodava a um ritmo menor e mais próximo de sua capacidade no último trimestre. É o que apontou hoje (16) o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que fechou o mês de dezembro em 140,6 pontos, praticamente estável ante novembro, já com os ajustes de fatores típicos do período. O IBC-Br é um indicador antecedente do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) que vem sendo divulgado pela autoridade monetária desde o ano passado.

Olhando-se apenas para os dados do último trimestre de 2010, o IBC-Br mostra que houve um crescimento, na média, de 1,02% ante o terceiro trimestre do mesmo ano. Em termos anualizados, essa taxa representa pouco mais de 4% de alta. Isto evidencia uma aceleração no final do ano em comparação com o ritmo apresentado nos três meses anteriores, quando o crescimento sobre o segundo trimestre foi de apenas 0,3%.

Na comparação com o quarto trimestre de 2009, o IBC-Br apresentou, na média, alta de 5%, taxa abaixo do resultado do ano, mas que ainda mostra um ritmo de crescimento econômico significativo da economia brasileira.

Os resultados apontados pelo indicador do BC, segundo economistas ouvidos pelo Grupo Estado, já sinalizam que o País entrou em uma rota de crescimento menos intensa e que não colocará em risco os índices de inflação, o que pode representar menor carga de juros por parte do Comitê de Política Monetária (Copom), que terá nova reunião no início de março.

“ALGO ACONTECENDO” – O professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Fábio Kanczuk, disse que esperava um resultado muito forte no quarto trimestre, até por conta do fraco desempenho nos três meses anteriores. “Mas os números mostram a economia andando mais lentamente do que se imaginava”, afirmou o economista, que já vislumbra um aumento do PIB de apenas 3,5% em 2011.

Para ele, é possível que as medidas macroprudenciais tenham impactado a economia em dezembro, afetando o IBC-Br. O professor considera que os dados de janeiro servirão para consolidar tal percepção. “Já tem algo acontecendo. A economia está trabalhando em um nível mais próximo do seu potencial”, afirmou Kanczuk. O economista acredita que dado esse quadro, o BC pode fazer um ajuste menor do que o antecipado pelo mercado na Selic (os analistas esperam que os juros saiam dos atuais 11,25% para 12,50% ao ano), de modo a evitar que a economia não desacelere demais.

JUROS – O ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas concorda que a situação já permite se vislumbrar um ajuste menos intenso da Selic. “O IBC-Br já mostra a economia se desacelerando, por isso, o ciclo de juros deve ser mais curto”, afirmou Freitas, destacando que a autoridade monetária deve fazer mais uma elevação na Selic e depois avaliar o quadro.

Na visão do economista, a indústria já tem mostrado enfraquecimento, o comércio, com base nos resultados de dezembro, já mostra um ímpeto menos intenso, além disso, o governo já está atuando para conter a expansão econômica com aperto fiscal, monetário e creditício. “O crescimento econômico mudou de faixa. A partir de agora está mais na casa dos 4%, o que não é um resultado ruim, já que o País cresceu demais no ano passado”, afirmou Freitas, destacando ainda que o real valorizado deve manter o estímulo às importações, garantindo uma perda de crescimento (chamado no jargão de vazamento externo) ainda significativo em 2011.

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